A escalada das preocupações com o fornecimento de energia obrigou o governo a vir a público defender a estratégia montada para atender à demanda por eletricidade e evitar a todo custo algum tipo de racionamento. Na tentativa de conter as especulações do mercado em relação a um eventual racionamento, as declarações do secretário executivo do Ministério de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, vieram antes mesmo da reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) - marcada para hoje - que vai avaliar a situação dos reservatórios.
Zimmermann negou a possibilidade de falta de eletricidade e alegou que o gasto com as térmicas, usadas para compensar a queda no nível dos reservatórios das hidrelétricas, não afetará a redução de 20,2% na conta de luz prometida pela presidente Dilma Rousseff para este ano. Entidades do setor elétrico e economistas consideram que o corte pode não ficar do tamanho estabelecido pelo Palácio do Planalto porque o uso das térmicas - que geram energia mais cara e mais poluente - será repassado aos consumidores, reduzindo o impacto do corte.
"A redução de 20% é estrutural, enquanto o gasto com as térmicas é conjuntural Não podemos misturar uma coisa com a outra", disse Zimmermann. Para o Ministério de Minas e Energia, as usinas que aceitaram renovar seus contratos, seguindo as regras fixadas pelo Planalto, passarão a cobrar um preço menor pela eletricidade gerada. Quando o nível dos reservatórios for restabelecido, o uso das térmicas será reduzido.
O impacto das térmicas para os consumidores é reconhecido pelo governo. Anteontem, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, admitiu que a conta será repassada. Pelos cálculos da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee), somente em outubro e novembro o gasto com geração de energia térmica foi de R$ 1,3 bilhão. Em dezembro, deve ter atingido mais R$ 800 milhões. Na média, é um impacto de 1% ao mês na tarifa.
Sem racionamento. Zimmermann fez questão de repetir que o País não corre o risco de passar por um novo racionamento de energia. Segundo ele, apesar de os reservatórios das hidrelétricas estarem em níveis baixos, o sistema hidrotérmico brasileiro está equilibrado. "Em 2001 o problema era a falta de usinas, e hoje não temos esse problema. As usinas térmicas entram nos leilões de energia para serem usadas quando houver necessidade."
O presidente do grupo CPFL Energia, Wilson Ferreira Júnior, esteve em Brasília e seguiu o discurso de Zimmermann. "Não há razão para pânico com apagão neste momento", disse.
A possibilidade de racionamento é pequena, segundo o governo, mas o fato de a hipótese, antes rechaçada no Planalto, ter entrado no cenário técnico de 2013 fez ligar o sinal de alerta. Mais que negar a alternativa, autoridades garantiam, ontem, que o governo fará "tudo e mais um pouco" para evitar o caminho do racionamento.
Para uma fonte a par das discussões estratégicas do governo no setor, uma coisa é admitir, internamente, que há pequena possibilidade de racionamento. Outra coisa, no entanto, é recorrer ao expediente. (O Estado de S.Paulo)
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