Neste mesmo mês de dezembro, um apagão já havia trazido grandes transtornos à população e, na ocasião, o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema (ONS), Hermes Chipp, apontou justamente a ação de um raio - hipótese ridicularizada ontem pela presidente Dilma Rousseff - como origem da pane. No último dia 15, municípios de 12 estados ficaram sem luz por um problema na hidrelétrica de Itumbiara (Furnas), em Goiás. Foi o sexto blecaute desde setembro, mês em que o governo lançou um pacote para o setor com o objetivo de reduzir em 20% as tarifas residenciais de energia.
Na semana do blecaute, o secretário de Energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Ildo Grüdtner, chamou a série de apagões de "coincidência ruim". O ONS já enviou o chamado Relatório de Análise de Pertubação (RAP) à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), indicando as origens do apagão, mas a agência ainda avalia esse documento e sua divulgação ainda não tem data definida.
Para o diretor-geral da Aneel, Nelson Hubner, o apagão poderia ter sido menor se os equipamentos de Itumbiara, que têm 40 anos, houvessem sido modernizados. Apenas em Rio e São Paulo, 2,7 milhões de pessoas foram afetadas pelo apagão de 15 de dezembro. Em alguns pontos, faltou energia por até duas horas.
Após o apagão, Furnas prometeu mais investimentos para Itumbiara e a Aneel determinou que outras empresas informassem como estão os equipamentos de suas subestações. Já o Ministério de Minas e Energia faz uma operação pente-fino para fiscalizar o sistema, que deve ser concluída em janeiro. Segundo especialistas, os blecautes recorrentes mostram que o setor precisa de mais investimentos em manutenção.
Ontem, a presidente também classificou como "ridícula" a hipótese de novo racionamento de energia no país. Apesar do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas, especialistas acreditam que ainda é cedo para saber se será preciso adotar medidas de racionamento de energia elétrica no próximo ano. Isso porque, dizem, o período de chuvas vai até abril. Dessa forma, é necessário esperar até meados de janeiro para que os níveis dos reservatórios do país voltem a subir.
- A estiagem já está muito prolongada, mas ainda temos alguns meses de chuvas. Por isso, é preciso esperar o mês de janeiro. Se até meados do próximo mês não houver mudanças (no ritmo de chuvas), a situação pode piorar e ser preciso algum tipo de medida preventiva, como um racionamento. Mas hoje a chance de racionamento é baixa e prematuro para pensar em uma ação desse tipo. Só será possível ligar o alarme em janeiro - disse o especialista em energia elétrica Raimundo Batista. Até o último dia 26, as hidrelétricas do Sudeste e do Centro-Oeste permaneciam com o nível dos reservatórios em 29,23%, o menor patamar deste ano. (O Globo)
Leia também:
* 'Se desligou, é falha humana'
* Elétricas preveem desinvestimento
* MP 579: choque na segurança jurídica
* Comissão aprova tarifa menor para autoprodutor de energia elétrica
Leia também:
* 'Se desligou, é falha humana'
* Elétricas preveem desinvestimento
* MP 579: choque na segurança jurídica
* Comissão aprova tarifa menor para autoprodutor de energia elétrica