terça-feira, 30 de outubro de 2012

Proteção desativada de linha provocou apagão

A proteção da linha de transmissão Colinas-Imperatriz, da Transmissora Aliança de Energia Elétrica Taesa, onde teve origem o apagão da madrugada de sexta-feira nas Regiões Norte e Nordeste, estava desativada. A afirmação foi feita ontem pelo ministro interino de Minas e Energia, Márcio Zimmermann, depois de uma reunião à tarde na sede do Operador Nacional do Sistema (ONS), no Rio. 

O sistema de proteção deveria isolar o equipamento da linha que sofreu um curto-circuito. "A proteção primária e alternada não estava operante. Por isso, houve o desligamento grande em toda a subestação. Isso (a proteção) evitaria um problema mais sério", afirmou o ministro. 

A empresa, segundo o ministro, já havia informado às autoridades que havia mexido no ajuste da proteção na semana anterior ao apagão. Ao ser indagado se a Taesa havia apresentado ao ONS alguma justificativa para o apagão, o ministro afirmou: "Ela está avaliando como uma falha de procedimento, falha humana". A elétrica, controlada pela Cemig, poderá ser punida. Procurada pelo Estado, a direção da empresa não havia se pronunciado sobre o assunto até o fechamento desta edição. 

A equipe técnica que analisa o problema identificou que o curto danificou uma seccionadora, equipamento que permite fazer o desvio da energia em uma linha de transmissão em caso de falhas. A origem do curto-circuito ainda não foi identificada, mas está afastada a possibilidade de descarga elétrica provocada por raios. "Não existe raio", enfatizou o ministro. 

A preparação do Relatório de Análise de Perturbação, que deverá ser divulgado até amanhã, reuniu no ONS, além do ministro, o diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Nelson Hubner, e o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp. 

Pela manhã, Zimmermann apresentara à presidente Dilma Rousseff as conclusões obtidas de sexta-feira até agora. O grupo de trabalho analisa ainda as causas da demora no religamento do sistema. 

A Empresa de Pesquisa Energética (EPE) afasta a possibilidade de os últimos apagões no País terem sido causados por falta de investimentos e levanta a hipótese de serem várias as causas das sucessivas panes. 

Segundo o diretor de Estudos Econômicos e Energéticos da EPE, Amilcar Guerreiro, não houve um padrão nas falhas. "Cada uma dessas ocorrências teve motivação diferente. Não se pode nem dizer que teve um padrão, que pudesse indicar falta de investimento", declarou. A EPE afirma que não há risco de desabastecimento e que as possibilidades de um novo apagão são muito pequenas. "Não vai acontecer de novo", disse Guerreiro. 

O presidente da Eletrobrás, José da Costa Carvalho Neto, informou que na primeira semana de novembro será iniciada uma operação pente-fino nas instalações das subestações, a mando do Ministério de Minas e Energia, para evitar falhas que levem a novos cortes de energia. A intenção é inspecionar oito subestações por semana, e percorrer, até meados de fevereiro, toda a malha principal. (O Estado de S.Paulo)

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