segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Geradoras mantêm interesse em leilão


O adiamento, de outubro para dezembro, dos leilões de energia "A-3" e "A-5" (com início de fornecimento de energia em 2015 e 2017, respectivamente) não diminuiu o apetite das geradoras por novos negócios. Enquanto as licitações não ocorrem, as empresas aproveitam o tempo para traçar estratégias e definir os projetos que incluirão nas concorrências. 

A MPX, empresa de energia do grupo EBX, aprovou a contratação do BTG Pactual para fazer a assessoria financeira da companhia nos dois leilões. A MPX inscreveu 521,9 megawatts (MW) de capacidade. Desse total, 363,2 MW pertencem a térmicas a gás e 158,7 MW são referentes a parques eólicos. 

O presidente de Furnas, Flavio Decat, disse que a empresa possui 2 mil MW de projetos eólicos desenvolvidos a espera de contratos nos leilões de energia. A também estatal Eletrosul inscreveu 500 MW de projetos eólicos para o leilão "A-3" e avalia a possibilidade de incluir parques no leilão "A-5". 

A Renova Energia, braço da Light e Cemig no segmento eólico, pretende participar com 270 MW de novos parques nos leilões. 

O último dado oficial da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) sobre o leilão "A-3", publicado no fim de 2011, dava conta de 598 inscritos (num total de 25.850 MW). Desse montante, são 524 projetos eólicos (13.180 MW), 26 térmicas a gás (10.344 MW), 23 usinas a biomassa (1.042 MW), 22 pequenas centrais hidrelétricas (343 MW) e três hidrelétricas (941 MW). 

O adiamento do leilão "A-3" ocorreu por falta de demanda das distribuidoras. Devido à queda do ritmo de crescimento da economia e do consumo energético e a anomalias causadas pela migração de empresas para o mercado livre, as distribuidoras estão sobrecontratadas para os próximos anos. Elas só terão demanda a contratar para 2015 caso a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) cancele contratos de termelétricas do Bertin que não entraram em operação, abrindo espaço para uma recontratação de energia. 

Segundo integrantes da cúpula energética, porém, se não houver um leilão "A-3" (seria a primeira vez desde a implantação do novo modelo regulatório do setor), não será de todo ruim. Isso porque o "A-3" é um leilão de correção da contratação das empresas para o futuro. Na prática, as distribuidoras só precisam comprar energia no "A-3" se tiver uma demanda não coberta para daqui a três anos. 

O mesmo não ocorre para o leilão "A-5". Extremamente importante, a licitação é a principal porta de contratação para 2017. Nesse caso, o adiamento se deve à falta de licenças ambientais para hidrelétricas que o governo pretende incluir no leilão. Essas usinas são consideradas fundamentais para garantir a oferta de energia. 

Segundo o presidente da EPE, Maurício Tolmasquim, estão previstas para o "A-5" as hidrelétricas de Ribeiro Gonçalves, Estreito Parnaíba, Castelhano e Cachoeira, no rio Parnaíba (PI/MA); Sinop, no rio Teles Pires (MT); e Cachoeira Caldeirão, no rio Araguari (AP). 

O governo jogou a toalha com relação ao principal aproveitamento hidrelétrico para o leilão: a usina de São Manoel, em Teles Pires. O projeto, de 700 MW de potência instalada, não tem condições de receber a licença ambiental a tempo do leilão neste ano. (Valor Econômico)
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