segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Eletrobrás estuda venda de seis distribuidoras

A Eletrobrás estuda a possibilidade de vender as seis distribuidoras de energia federalizadas que fazem parte da holding estatal, diante do novo cenário para o setor elétrico criado pela renovação das concessões. A informação foi dada à agência de notícias Reuters por duas fontes que acompanham o tema, uma do governo e outra próxima da empresa. 

As distribuidoras - que atuam no Piauí, Rondônia, Acre, Amazonas, Alagoas e Roraima - acumulam prejuízos seguidamente e, de acordo com a própria Eletrobrás, só devem ser rentáveis a partir de 2014. A fonte do governo, que falou sob condição de anonimato, disse que a presidente Dilma Rousseff deu, há tempos, aval para que a Eletrobrás se desfaça de sua participação nessas empresas. 

A questão, disse essa fonte, é que a Eletrobrás vinha relutando em se desfazer das distribuidoras. "Mas agora, com as dificuldades no caixa por causa das concessões, vai faltar dinheiro para colocar nessas empresas." 

A Eletrobrás terá receita e geração de caixa menores com geração e transmissão de energia, que são os motores do grupo e os segmentos mais afetados pela renovação das concessões, o que aumentará o peso dos fracos resultados das distribuidoras no balanço da holding. 

O grande problema das empresas federalizadas, segundo essa mesma fonte, é a gestão. Além de serem muito vulneráveis a influências políticas - inclusive estaduais -, elas teriam problemas na operação técnica. 

Uma possibilidade já discutida no governo e com a estatal seria a Eletrobrás vender apenas parte das distribuidoras, tornando-se sócia minoritária e tentando atrair, por exemplo, fundos de pensão para injetar capital e um operador privado do setor elétrico para cuidar da operação. 

Procurada, a assessoria de imprensa da Eletrobrás negou que exista orientação do governo para vender as distribuidoras, mas disse que a empresa está avaliando todos os seus negócios, de acordo com o novo cenário, buscando redução de custos e aumento de receita. 

No vermelho. Cinco das seis distribuidoras federalizadas da Eletrobras tiveram prejuízo combinado de R$ 507 milhões no primeiro semestre de 2012, com geração de caixa negativa (Ebitda, na sigla em inglês) de R$ 109 milhões no período. A estatal não forneceu o resultado da distribuidora no Acre para esse período. 

O governo já vem tomando medidas para evitar que a Eletrobrás seja utilizada, novamente, como boia de salvação para empresas em dificuldades - como o grupo fez ao assumir o controle de distribuidoras estaduais no passado. 

No caso da paraense Celpa, de controle privado e que tem a Eletrobrás como sócia, autoridades do governo federal trataram de negar, assim que a distribuidora entrou com pedido de recuperação judicial no começo deste ano, que a estatal poderia assumir o controle da companhia. 

A Celpa, parte do endividado Grupo Rede Energia, acabou tendo uma solução de mercado: ficará com a Equatorial Energia, como era intenção do governo federal desde o início. 

Recentemente, o governo criou instrumentos regulatórios que ajudarão a evitar que a Eletrobrás volte a assumir empresas endividadas, ao publicar no fim de agosto uma medida provisória que fortaleceu o instrumento de intervenção pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A MP 577 pavimentou a intervenção decretada pela Aneel em oito distribuidoras do Grupo Rede. (O Estado de S.Paulo)
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