segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Medida do governo não afetará Tractebel

As elétricas brasileiras terão aces­so hoje ao decreto que regula­menta a Medida Provisória 579, com mais detalhes sobre as no­vas regras para o setor. Enquanto muitas empresas aguardam re­ceosas as mudanças sobre a reno­vação das concessões, Manoel Zaroni, presidente da Tractebel Energia, afirma que a empresa continuará sendo "competitiva" no mercado livre, comercializa­do para as empresas. 

De acordo com o executivo, a redução de custo será maior no mercado cativo (disponível para os consumidores em geral). "Nos­sa avaliação é que vamos ter um custo menor no cativo, mas não o suficiente para ser tão competiti­vo como o mercado livre. Por ou­tro lado, isso vai incentivar o con­sumo, vai ter mais demanda e mais mercado, o que é positivo." 

Apesar de a medida prever que toda a energia das conces­sões renovadas irá para o merca­do regulado, as distribuidoras es­tão sobrecontratadas e, conforme já afirmaram agentes do se­tor, há dúvidas sobre se o mercado regulado conseguirá absor­ver toda essa energia. O merca­do avalia se parte dessa energia não poderia acabar no mercado livre. "A solução que vai ser dada, a gente não consegue visuali­zar ainda", disse Zaroni. "Nas nossas primeiras avaliações, po­demos afirmar que continuare­mos sendo competitivos no mer­cado livre", acrescentou. 

O presidente da Tractebel tam­bém completa que a empresa não sofrerá impactos com a medi­da anunciada pelo governo na úl­tima semana. "Não temos usinas com concessão vencendo. A pri­meira é só daqui a 15 anos. A redução de encargos poderá afetar positivamente o resultado da Tractebel
já que os custos de transmissão poderão diminuir", analisou. 

Cronograma - De acordo com Agência Nacio­nal de Energia Elétrica (ANEEL), as elétricas têm até o dia 15 de outubro para manifestar interes­se na renovação. Na visão de Ed­son Luiz da Silva, diretor de pla­nejamento e controle da Tractebel, alguns ajustes serão necessá­rios, o que pode causar um adia­mento do prazo. "Antecipar uma redução de receita não vai ser uma decisão fácil de ser tomada", opinou. 

Enquanto a Tractebel conse­guiu escapar dos impactos da no­va medida, a Fitch Ratings, agên­cia de classificação de riscos, emi­tiu um parecer em que acredita que as mudanças vão influenciar o desempenho da Eletrobras, Cteep e sua controladora ISA Capi­tal do Brasil, além da Cemig. "A queda no fluxo de caixa para as companhias afetadas provavel­mente levará a menor investimen­to no setor no futuro, que sofreria consequências negativas". (Brasil Econômico, com Reuters)
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