segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Suspensão de Belo Monte põe Norte Energia em alerta

A paralisação das obras da usina de Belo Monte, localizada no Rio Xingu (PA), ligou o sinal vermelho dentro do consórcio Norte Energia, formado pelas empresas Chesf e Queiróz Galvão, entre outras. A suspensão das obras, decretada pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região na semana passada, pode aumentar as despesas para a empresa, além de reduzir a possibilidade de ganhos extras com a geração de energia já em 2015, um ano antes do previsto.

O motivo é que, com a paralisação, a Norte Energia, comandada por Duílio Figueiredo, corre o risco de perde uma janela hidrológica — período sem chuva ideal para a construção —, trazendo dúvidas sobre a capacidade de gerar energia para as 27 distribuidoras. Mesmo diante dessas preocupações, Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro, acredita que o atraso não deve causar, no curto prazo, riscos de desabastecimento para o setor de energia, já que a companhia terá que suprir o buraco deixado pelo atraso.

“O impacto será maior para a Norte Energia que, se não cumprir o prazo de geração em 2016, terá que comprar energia no mercado e arcar com o prejuízo, já que o contrato fechado com a distribuidores fixou um valor de R$ 78 por megawatt/hora (MWh).” A Advocacia-Geral da União (AGU) já apresentou uma reclamação ao presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que a decisão de parar as obras seja revista.

A Norte Energia classificou a ordem para suspender as obras como inadmissível e disse que a decisão vai trazer “consequências negativas e imprevisíveis”. Segundo a empresa, pode ser necessário o acionamento de termelétricas a óleo, consideradas mais poluentes e mais caras do que Belo Monte.

Mão de obra E se já existe um alerta no longo prazo, o cenário não é tão diferente no curto. Com 13 mil funcionários paralisados, o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM), liderado pela Andrade Gutierrez, aguarda um posicionamento da Norte Energia, para então definir a situação dos funcionários.

“Os funcionários seguem alojados nos três canteiros de obras e também na cidade de Altamira (PA). Nos canteiros estão funcionando apenas os serviços essenciais”, destacou a CCBM. Na avaliação de André Crisafulli sócio da consultoria Andrade & Canella, a Norte Energia terá que revisar seu cronograma, sendo obrigada a refazer projetos. “Isso pode afetar futuros leilões, além de atrasar todo um cronograma já definido pela empresa. Ela terá que sentar com todos os seus fornecedores para renegociar os pedidos”, avaliou. (Brasil Econômico)
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