O mercado é unânime em afirmar que a resolução 502 da Agência Nacional de Energia Elétrica, que regulamentou a instalação de medidores eletrônicos, foi um grande avanço e provocará uma revolução tecnológica nas redes de energia do país. Contudo, desde a aprovação da regra, em 7 de agosto, uma série de questionamentos tem sido levantada pelas distribuidoras, fabricantes e também pelo Inmetro, responsável por homologar os medidores de energia no país.
A imprevisibilidade do ritmo de substituição dos medidores eletromecânicos é um dos pontos que preocupa as distribuidoras. Como a resolução faculta ao consumidor a opção de pedir a troca de seu medidor, as concessionárias preveem grande dificuldade em desenhar planos de investimento futuro, pois não sabem ao certo qual será a demanda de pedidos que receberão a partir de fevereiro de 2014, quando os clientes poderão solicitar os medidores eletrônicos e serem cobrados de acordo com a tarifa horo-sazonal.
“A voluntariedade gera imprevisibilidade e a imprevisibilidade gera custo. Eu tenho 7 milhões de consumidores e temos que fazer uma previsão de compra. Quanto medidores vamos comprar para o próximo ano?”, indaga o gerente de tecnologia da distribuição da AES Eletropaulo, Paulo Roberto Pimentel, que participou nesta quarta-feira, 22 de agosto, de um evento sobre medição, realizado em São Paulo (SP). Para Marcelo Assef, diretor comercial da Nansen, fabricante de medidores, será o próprio mercado quem definirá a velocidade de implantação da nova tecnologia.
Carlos Alberto Calixto Mattar, superintendente de regulação dos serviços de distribuição da Aneel, que esteve à frente da formatação da resolução, acredita ser impossível responder a pergunta de Pimentel no atual estágio da regulamentação. “A gente vai ter oportunidade de discutir isso na segunda etapa, quando vamos definir quanto tempo a distribuidora terá para atender o consumidor”, explica.
A liberdade de definição do plano de negócio por parte das distribuidoras foi considerada uma boa decisão do órgão regulador, na visão do gerente de medição e perdas da Copel, João Acyr Bonat. “Teremos tempo para amadurecer as tecnologias para mais para frente evoluirmos”, disse.
Uma possível redução de receita por parte das distribuidoras decorrente da entrada em vigor da tarifa branca, que permitirá ao consumidor escolher o horário mais barato para consumir sua energia, foi levantada como ponto de preocupação pelo assessor da Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica, José Gabino. Mattar diz que a agência não crê em redução da receita das concessionárias, porque a opção por consumir energia em horários mais baratos permitirá uma redução da carga no horário de ponta que possibilitará a postergação de investimentos da distribuidora. “Isso sem contar a redução de perdas que está associado a esse processo”, opina o regulador.
Uma das maiores preocupações dos fabricantes envolve a homologação dos medidores que estão sendo desenvolvidos no Brasil atualmente. Estima-se que cada um deles coloque três ou quatro aparelhos eletrônicos diferentes em processo de homologação no órgão de metrologia. “Será que eles vão conseguir analisar e aprovar esse volume em 18 meses?”, questiona Ronaldo Paiva, diretor de marketing e produtor da L+G, fabricante de medidores.
Com histórico de morosidade na homologação de medidores eletrônicos, o diretor de metrologia do Inmetro, Luiz Carlos Gomes, avisa que órgão não “queimará etapas”. “A gente vem tentando fomentar a entrada de novos laboratórios de análise [de medidores]. Se cada fabricante entrar com quatro modelos, esse prazo de 18 meses vai ter que ser multiplicado por quatro. Cada fabricante terá que priorizar um modelo. Não temos condição de fazer essa avaliação”, afirma.
A interoperabilidade dos medidores e sistemas de comunicação também foi bastante discutida durante o debate. A criação e padronização de protolocos é vista pelo setor como uma necessidade premente. Os participantes ainda disseram que será imprescindível uma interação entre a Aneel e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) durante o processo de regulamentação dos sistemas de comunicação. (Canal Energia)
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A imprevisibilidade do ritmo de substituição dos medidores eletromecânicos é um dos pontos que preocupa as distribuidoras. Como a resolução faculta ao consumidor a opção de pedir a troca de seu medidor, as concessionárias preveem grande dificuldade em desenhar planos de investimento futuro, pois não sabem ao certo qual será a demanda de pedidos que receberão a partir de fevereiro de 2014, quando os clientes poderão solicitar os medidores eletrônicos e serem cobrados de acordo com a tarifa horo-sazonal.
“A voluntariedade gera imprevisibilidade e a imprevisibilidade gera custo. Eu tenho 7 milhões de consumidores e temos que fazer uma previsão de compra. Quanto medidores vamos comprar para o próximo ano?”, indaga o gerente de tecnologia da distribuição da AES Eletropaulo, Paulo Roberto Pimentel, que participou nesta quarta-feira, 22 de agosto, de um evento sobre medição, realizado em São Paulo (SP). Para Marcelo Assef, diretor comercial da Nansen, fabricante de medidores, será o próprio mercado quem definirá a velocidade de implantação da nova tecnologia.
Carlos Alberto Calixto Mattar, superintendente de regulação dos serviços de distribuição da Aneel, que esteve à frente da formatação da resolução, acredita ser impossível responder a pergunta de Pimentel no atual estágio da regulamentação. “A gente vai ter oportunidade de discutir isso na segunda etapa, quando vamos definir quanto tempo a distribuidora terá para atender o consumidor”, explica.
A liberdade de definição do plano de negócio por parte das distribuidoras foi considerada uma boa decisão do órgão regulador, na visão do gerente de medição e perdas da Copel, João Acyr Bonat. “Teremos tempo para amadurecer as tecnologias para mais para frente evoluirmos”, disse.
Uma possível redução de receita por parte das distribuidoras decorrente da entrada em vigor da tarifa branca, que permitirá ao consumidor escolher o horário mais barato para consumir sua energia, foi levantada como ponto de preocupação pelo assessor da Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica, José Gabino. Mattar diz que a agência não crê em redução da receita das concessionárias, porque a opção por consumir energia em horários mais baratos permitirá uma redução da carga no horário de ponta que possibilitará a postergação de investimentos da distribuidora. “Isso sem contar a redução de perdas que está associado a esse processo”, opina o regulador.
Uma das maiores preocupações dos fabricantes envolve a homologação dos medidores que estão sendo desenvolvidos no Brasil atualmente. Estima-se que cada um deles coloque três ou quatro aparelhos eletrônicos diferentes em processo de homologação no órgão de metrologia. “Será que eles vão conseguir analisar e aprovar esse volume em 18 meses?”, questiona Ronaldo Paiva, diretor de marketing e produtor da L+G, fabricante de medidores.
Com histórico de morosidade na homologação de medidores eletrônicos, o diretor de metrologia do Inmetro, Luiz Carlos Gomes, avisa que órgão não “queimará etapas”. “A gente vem tentando fomentar a entrada de novos laboratórios de análise [de medidores]. Se cada fabricante entrar com quatro modelos, esse prazo de 18 meses vai ter que ser multiplicado por quatro. Cada fabricante terá que priorizar um modelo. Não temos condição de fazer essa avaliação”, afirma.
A interoperabilidade dos medidores e sistemas de comunicação também foi bastante discutida durante o debate. A criação e padronização de protolocos é vista pelo setor como uma necessidade premente. Os participantes ainda disseram que será imprescindível uma interação entre a Aneel e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) durante o processo de regulamentação dos sistemas de comunicação. (Canal Energia)
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