O setor de energia elétrica foi abalado recentemente por dúvidas sobre os resultados das companhias, após o surgimento de fatores de risco como o terceiro ciclo de revisão tarifária das empresas e o vencimento de concessões em 2015. Segundo analistas, incertezas regulatórias e tarifárias deixaram o segmento mais em conta na bolsa. Isso não significa, no entanto, que o setor deixou de ser "defensivo", ou seja, procurado por investidores em momentos de crise, graças a fluxo de caixa estável e pagamentos gordos de dividendos. O esperado pacote do governo para o setor, pode, no entanto, alterar esse cenário, dependendo do efeito que produzirá nas companhias.
"O setor, apesar de estar mais barato, não deixou de ser defensivo, mas passa por um momento de muita incerteza, com resultados que provavelmente afetarão margens e volatilidade", diz o analista de energia do BB Investimentos, Rafael Dias.
Um exemplo é a Eletropaulo. A empresa viveu um inferno astral nos últimos meses, e as ações caem 40,38% no ano, até o dia 17. A derrocada começou em 2 de julho, quando a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu por um corte de 9,3% na tarifa. A empresa, em função da redução da Aneel, informou que suspenderia seu pagamento de dividendos pelo menos no primeiro semestre. A companhia deve rever a questão no fim do segundo semestre. "O não pagamento de dividendos retira a atratividade do segmento elétrico", diz o chefe de análise da SLW Corretora, Pedro Galdi.
Relatórios divulgados antes e depois dos balanços do segundo trimestre destacam os riscos regulatórios. O processo de revisão tarifária periódica é um deles e tem como principal objetivo analisar, após um período definido no contrato (geralmente de quatro anos), o equilíbrio econômico-financeiro da concessão. O terceiro ciclo vai de 2011 a 2014. Das companhias mais importantes em bolsa, Cemig, CPFL Paulista, AES Sul e Light passam por revisões no ano que vem. Já a renovação das concessões do setor elétrico que vencem em 2015 está para ser definida pelo governo federal e pode fazer parte do pacote para setor que deve ser divulgado nas próximas semanas.
Essas incertezas tornam os papéis mais arriscados. "Acreditamos que as concessões serão renovadas, mas a preços mais baixos, ou com alguma condição dura similar, para reduzir custos de energia aos consumidores finais", diz o Bradesco, em relatório.
Ao falar de Cemig, por exemplo, o HSBC alerta que a empresa passará pela revisão tarifária em abril de 2013. "Outro risco de baixa é a não renovação de concessões ou renovação em condições desfavoráveis", diz o banco. "A Cemig tem ativos de geração, distribuição e transmissão com concessões vencendo em 2015. Nossa avaliação pode ser colocada em risco se o cenário desses contratos for diferente de nossas expectativas."
O Banco J. Safra divulgou relatório após conversa com o diretor para Desenvolvimento de Negócios da Cemig. Na visão do executivo, a revisão tarifária vai ter impacto negativo no potencial de geração de caixa de várias distribuidoras, podendo abrir caminho para a consolidação do setor - e a Cemig estaria bem posicionada para ser um dos principais consolidadores.
No caso da Cesp, o HSBC diz que aproximadamente 70% da capacidade instalada da empresa vem de usinas com contratos de concessão que vencem de 2012 a 2017. Para o Deutsche Bank, a companhia deve ser mais afetada pelo fim das concessões. Do outro lado, lembra o HSBC, há chances de alta com uma suposta privatização da empresa. "O processo de privatização da Cesp pode ser retomado", avalia.
Já o Itaú tem classificação "outperform" (acima da média do mercado) para a Cesp PNB e se diz otimista com a possível renovação da concessão, o que pode permitir a privatização. "Estimamos o valor justo da Cesp ao final de 2012, em um cenário de privatização, entre R$ 46,6 por ação (com prorrogação da concessão por 20 anos) e R$ 55 por ação (com prorrogação da concessão por 30 anos), implicando forte potencial de valorização". (Valor Econômico)
Leia também:
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* Ideli e Lobão criticam demora nas licenças ambientais para usinas
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* Aneel e União defendem que agentes paguem UBP por hidrelétricas não construídas
"O setor, apesar de estar mais barato, não deixou de ser defensivo, mas passa por um momento de muita incerteza, com resultados que provavelmente afetarão margens e volatilidade", diz o analista de energia do BB Investimentos, Rafael Dias.
Um exemplo é a Eletropaulo. A empresa viveu um inferno astral nos últimos meses, e as ações caem 40,38% no ano, até o dia 17. A derrocada começou em 2 de julho, quando a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) decidiu por um corte de 9,3% na tarifa. A empresa, em função da redução da Aneel, informou que suspenderia seu pagamento de dividendos pelo menos no primeiro semestre. A companhia deve rever a questão no fim do segundo semestre. "O não pagamento de dividendos retira a atratividade do segmento elétrico", diz o chefe de análise da SLW Corretora, Pedro Galdi.
Relatórios divulgados antes e depois dos balanços do segundo trimestre destacam os riscos regulatórios. O processo de revisão tarifária periódica é um deles e tem como principal objetivo analisar, após um período definido no contrato (geralmente de quatro anos), o equilíbrio econômico-financeiro da concessão. O terceiro ciclo vai de 2011 a 2014. Das companhias mais importantes em bolsa, Cemig, CPFL Paulista, AES Sul e Light passam por revisões no ano que vem. Já a renovação das concessões do setor elétrico que vencem em 2015 está para ser definida pelo governo federal e pode fazer parte do pacote para setor que deve ser divulgado nas próximas semanas.
Essas incertezas tornam os papéis mais arriscados. "Acreditamos que as concessões serão renovadas, mas a preços mais baixos, ou com alguma condição dura similar, para reduzir custos de energia aos consumidores finais", diz o Bradesco, em relatório.
Ao falar de Cemig, por exemplo, o HSBC alerta que a empresa passará pela revisão tarifária em abril de 2013. "Outro risco de baixa é a não renovação de concessões ou renovação em condições desfavoráveis", diz o banco. "A Cemig tem ativos de geração, distribuição e transmissão com concessões vencendo em 2015. Nossa avaliação pode ser colocada em risco se o cenário desses contratos for diferente de nossas expectativas."
O Banco J. Safra divulgou relatório após conversa com o diretor para Desenvolvimento de Negócios da Cemig. Na visão do executivo, a revisão tarifária vai ter impacto negativo no potencial de geração de caixa de várias distribuidoras, podendo abrir caminho para a consolidação do setor - e a Cemig estaria bem posicionada para ser um dos principais consolidadores.
No caso da Cesp, o HSBC diz que aproximadamente 70% da capacidade instalada da empresa vem de usinas com contratos de concessão que vencem de 2012 a 2017. Para o Deutsche Bank, a companhia deve ser mais afetada pelo fim das concessões. Do outro lado, lembra o HSBC, há chances de alta com uma suposta privatização da empresa. "O processo de privatização da Cesp pode ser retomado", avalia.
Já o Itaú tem classificação "outperform" (acima da média do mercado) para a Cesp PNB e se diz otimista com a possível renovação da concessão, o que pode permitir a privatização. "Estimamos o valor justo da Cesp ao final de 2012, em um cenário de privatização, entre R$ 46,6 por ação (com prorrogação da concessão por 20 anos) e R$ 55 por ação (com prorrogação da concessão por 30 anos), implicando forte potencial de valorização". (Valor Econômico)
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