Em processo de recuperação judicial, a Centrais Elétricas do Pará (Celpa), do grupo Rede, tem despertado o interesse de fundos de private equity. O obstáculo, no entanto, é o plano de recuperação proposto aos credores da companhia, que tem dívidas orçadas em R$ 2 bilhões. O plano, sugerido pelo controlador Jorge Queiroz Junior, presidente da Rede Energia, prevê uma injeção mínima de capital de R$ 650 milhões e diminui a atratividade do negócio, na visão dos investidores.
O fundo Vinci Partners, presidido pelo banqueiro Gilberto Sayão (ex-Pactual), admitiu ontem o interesse pela distribuidora paraense. O grupo controla a Equatorial Energia, que, por sua vez, detém 65,2% do capital das Centrais Elétricas do Maranhão (Cemar). A área de concessão é vizinha à região atendida pela Celpa, o que poderia gerar ganhos de escala operacional para o grupo.
O Vinci, contudo, disse que não há nenhuma negociação em andamento. Uma fonte a par do assunto explicou ao Valor que, por enquanto, o que a Equatorial está fazendo é uma análise dos números da Celpa "para ver se faz sentido".
Outro interessado na Celpa é o Laep Investiments, presidido pelo financista Luiz Cezar Fernandes, um dos fundadores do banco Pactual. Mas Fernandes disse que depois de analisar a proposta de recuperação judicial da empresa, o grupo deve reavaliar sua posição.
"É um corte muito pequeno na dívida, e a necessidade de aporte de capital é muito elevada", explicou Fernandes. O Laep agora aguarda a assembleia de credores da Celpa, que deve ocorrer até setembro, para decidir se fará uma proposta de compra da distribuidora.
Segundo o Valor apurou, outro interessado é a GP Investimentos. O grupo avalia o negócio isoladamente. A Vinci Partners também negou notícia divulgada hoje de que estaria associado ao GP nos estudos para aquisição da Celpa. Os dois fundos dividiram no passado o controle da Equatorial, que hoje é da Vinci.
O histórico da Cemar lembra a situação atual da Celpa. Após ser privatizada em 1999, a distribuidora maranhense teve problemas financeiros e sofreu intervenção da Aneel em 2002. O GP assumiu a empresa dois anos depois pelo valor simbólico de R$ 1,00. Em seguida, junto com a Eletrobras, fez um aumento de capital de R$ 155 milhões, sendo R$ 55 milhões pela estatal e o restante pelo banco de investimentos. Com isso, a Eletrobras ficou com 34,4% da empresa.
Procurada, a Eletrobras, que também detém 34% da Celpa, não se manifestou sobre o interesse do Vinci Partners na distribuidora. "A Eletrobras não está participando da negociação e nem foi informada sobre ela, portanto, não tem comentários a fazer", informou estatal em nota.
Desde que a Celpa entrou em recuperação judicial o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto, nega a federalização da empresa, mas admitiu que pode ajudar na sua recuperação.
O desejo da presidente da República, Dilma Rousseff, é que a Celpa encontre uma solução privada. O grupo paulista CPFL manifestou, em outras oportunidades, o interesse em empresas do grupo Rede, controlador da Celpa. Nesse caso, porém, o foco da companhia são as quatros distribuidoras do grupo localizadas em São Paulo, o que poderia trazer ganhos de escala. (Valor Econômico)
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