A energia eólica voltou a surpreender no leilão A-5 desta terça-feira (20/12). Desta vez, a fonte não chamou a atenção por uma nova queda de preços, como vinha ocorrendo em todas as licitações, mas sim devido a uma alta no patamar de tarifa praticado. O custo médio da geração dessas usinas ficou em R$105 por MWh, contra os números abaixo dos R$100 por MWh registrados em agosto.
Em uma análise pós-leilão, a consultoria Excelência Energética afirma que, apesar de os preços terem subido, é provável que as eólicas ainda não tenham chegado a seu "piso", mas sim que "a baixa competição tenha proporcionado a venda a preços superiores". Com isso, a empresa considera que o certame foi "um bom negócio" para os investidores.
A opinião, porém, não é compartilhada pelos empreendedores. Para o presidente da Bioenergy, Sérgio Marques, o resultado "já reflete um pouco da mudança do setor" com a crise mundial. O executivo afirma que o cenário faz com que os investidores enxerguem mais riscos e, consequentemente, evitem taxas de retorno muito baixas. "As taxas que a gente viu no leilão A-3 (de agosto) assustam, assustam o agente financiador. Captar dinheiro hoje está mais caro, então você tem esse lado finaneiro".
Marques também aponta que houve uma reação no mercado americano, o que segurou o movimento de queda nos preços de turbinas que vinha sendo registrado com a retração na Europa. "Tem esses dois fatores, de insegurança e de mercado, que puxaram o preço para cima. Acho que esse repique na tarifa é tendência nos leilões", conclui.
Para Everaldo Feitosa, vice-presidente da Associação Mundial de Energia Eólica (WWEA, na sigla em inglês), houve "um aumento substancial" em matérias-primas como cobre, produtos magnéticos e imãs que impactou no preço das turbinas. Além disso, ele diz que existe alguma incerteza quanto à precisão dos dados de vento. "Quando você junta instabilidade de energia com instabilidade da economia, isso acontece (os deságios menores)".
No aumento do custo dos equipamentos, o que também pode ter influenciado é a recente alta do dólar. "Mesmo com suas fábricas no Brasil, (as fornecedoras) dependem ainda de muita importação", diz Lauro Fiúza, vice-presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). Ele também acredita que a própria novidade que foi a participação da fonte no A-5 tem seu papel no preço. "Com a perspectiva de entrada em um prazo muito longo (cinco anos), as precauções que se têm em função do preço são maiores".
O executivo, que é também presidente de uma empresa do setor, a Servtec, afirma que a perspectiva é que os preços não voltem a cair tão cedo. "Não apostaria nisso, não. Acho que estamos atingindo um patamar base, entre R$100 por MWh, R$110 por MWh. Já está se mostrando aí que vamos trabalhar com custos nessa ordem de grandeza".
Mesmo para quem não viu alta nos preços dos equipamentos, outros fatores seguraram a tarifa. A estatal Furnas, que viabilizou 204MW em parceria com a Alupar, afirma que conseguiu turbinas até mais baratas do que em agosto. O que fez a diferença para a companhia foi o próprio modelo do leilão - um A-5, diferente do certame de reserva.
"O leilão de reserva vende por quantidade - o que você produz, você vende. No A-5, você trabalha por disponibilidade, então é um risco muito maior. Se você não produzir, tem que comrpar energia para substituir isso. Além disso, houve mudanças na financiabilidade dos projetos. No Nordeste, trabalhávamos com condições do BNB (Banco do Nordeste) bem melhores que as estabelecidas pelo BNDES", resume Cláudio Semprine, assistente da diretoria de engenharia. Ele garante que, devido a esses fatores, "a taxa de retorno praticamente não mudou" de um leilão para o outro. (Jornal da Energia)
Leia também:
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* Procedimentos de cálculo para o reajuste tarifário são debatidos em audiência
Em uma análise pós-leilão, a consultoria Excelência Energética afirma que, apesar de os preços terem subido, é provável que as eólicas ainda não tenham chegado a seu "piso", mas sim que "a baixa competição tenha proporcionado a venda a preços superiores". Com isso, a empresa considera que o certame foi "um bom negócio" para os investidores.
A opinião, porém, não é compartilhada pelos empreendedores. Para o presidente da Bioenergy, Sérgio Marques, o resultado "já reflete um pouco da mudança do setor" com a crise mundial. O executivo afirma que o cenário faz com que os investidores enxerguem mais riscos e, consequentemente, evitem taxas de retorno muito baixas. "As taxas que a gente viu no leilão A-3 (de agosto) assustam, assustam o agente financiador. Captar dinheiro hoje está mais caro, então você tem esse lado finaneiro".
Marques também aponta que houve uma reação no mercado americano, o que segurou o movimento de queda nos preços de turbinas que vinha sendo registrado com a retração na Europa. "Tem esses dois fatores, de insegurança e de mercado, que puxaram o preço para cima. Acho que esse repique na tarifa é tendência nos leilões", conclui.
Para Everaldo Feitosa, vice-presidente da Associação Mundial de Energia Eólica (WWEA, na sigla em inglês), houve "um aumento substancial" em matérias-primas como cobre, produtos magnéticos e imãs que impactou no preço das turbinas. Além disso, ele diz que existe alguma incerteza quanto à precisão dos dados de vento. "Quando você junta instabilidade de energia com instabilidade da economia, isso acontece (os deságios menores)".
No aumento do custo dos equipamentos, o que também pode ter influenciado é a recente alta do dólar. "Mesmo com suas fábricas no Brasil, (as fornecedoras) dependem ainda de muita importação", diz Lauro Fiúza, vice-presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica). Ele também acredita que a própria novidade que foi a participação da fonte no A-5 tem seu papel no preço. "Com a perspectiva de entrada em um prazo muito longo (cinco anos), as precauções que se têm em função do preço são maiores".
O executivo, que é também presidente de uma empresa do setor, a Servtec, afirma que a perspectiva é que os preços não voltem a cair tão cedo. "Não apostaria nisso, não. Acho que estamos atingindo um patamar base, entre R$100 por MWh, R$110 por MWh. Já está se mostrando aí que vamos trabalhar com custos nessa ordem de grandeza".
Mesmo para quem não viu alta nos preços dos equipamentos, outros fatores seguraram a tarifa. A estatal Furnas, que viabilizou 204MW em parceria com a Alupar, afirma que conseguiu turbinas até mais baratas do que em agosto. O que fez a diferença para a companhia foi o próprio modelo do leilão - um A-5, diferente do certame de reserva.
"O leilão de reserva vende por quantidade - o que você produz, você vende. No A-5, você trabalha por disponibilidade, então é um risco muito maior. Se você não produzir, tem que comrpar energia para substituir isso. Além disso, houve mudanças na financiabilidade dos projetos. No Nordeste, trabalhávamos com condições do BNB (Banco do Nordeste) bem melhores que as estabelecidas pelo BNDES", resume Cláudio Semprine, assistente da diretoria de engenharia. Ele garante que, devido a esses fatores, "a taxa de retorno praticamente não mudou" de um leilão para o outro. (Jornal da Energia)
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