Os leilões de energia realizados neste ano fecharam a contratação de cerca de 5,1GW em potência instalada. O número, bastante expressivo, foi viabilizado por meio dos certames de reserva e A-3, realizados em agosto, e do A-5, em dezembro. As primeiras licitações contrataram usinas com entrada em operação em 2014 e, a última, para 2016.
A Empresa de Pesquisa Energética (EPE), órgão de planejamento do Ministério de Minas e Energia, disse que toda a demanda prevista pelas distribuidoras foi atendida. O presidente do órgão, Maurício Tolmasquim, viu como “muito satisfatório” o resultado dos leilões do ano, com forte competição e baixa nos preços.
Por um lado, houve a surpresa positiva da energia eólica, que chegou a patamares de tarifa antes não imaginados. Nos leilões de agosto, muitas usinas venderam energia a menos de R$100 por MWh. No final do ano, o valor médio da fonte ficou em R$105 por MWh.
Como contraponto, houve uma freada busca no desenvolvimento de hidrelétricas. Se em 2010 foram licitados projetos de grande porte, como Belo Monte e Teles Pires, em 2011 tudo ficou somente na expectativa. Apenas a UHE São Roque pôde ser licitada, uma vez que os demais empreendimentos previstos não obtiveram licença ambiental a tempo.
Sendo assim, as hidrelétricas responderam por cerca de 10% da contratação do ano – 135MW da UHE São Roque e 450MW de uma expansão da UHE Jirau. O domínio foi todo das eólicas, que viabilizaram 2,9GW – o equivalente a 56,7% das usinas contratadas no ano.
“A gente encerra o ano com muita alegria. Terminar com 8,2GW já contratados é um salto muito grande. Esse ano foram 2,9GW, o que nos mostra que esse setor está bem consolidado e que ganhamos um espaço e uma confiança do MME e da EPE de que realmente a eólica hoje faz parte da matriz energética”, comemora Lauro Fiúza, vice-presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
Para Everaldo Feitosa, vice-presidente da Associação Mundial de Energia Eólica (EWEA), 2012 será “um ano chave” para o setor. Isso porque é quando começam a entrar em operação as usinas que venderam energia no primeiro leilão eólico do País, em 2009. “O primeiro semestre vai ser muito crítico, no sentido de ser um raio-X. É o momento de avaliar se as empresas conseguiram, se os custos foram corretos, se teve coisa chutada”, avalia.
Tolmasquim, da EPE, também elogiou o desempenho da geração a partir dos ventos, mas fez ressalvas. “A gente não pode achar que só com eólicas vai resolver. Em algum momento vai ter que entrar hidrelétricas ou mesmo termelétricas a gás natural”.
As usinas a gás, por sua vez, conseguiram ser também um destaque positivo e negativo no mesmo ano. No leilão A-3, a fonte registrou grande número de projetos inscritos. Uma rixa entre a Petrobras e os investidores em torno dos contratos de fornecimento do combustível, porém, esquentou o clima antes da licitação.
Ainda assim, Petrobras e MPX, que produzem o próprio combustível, conseguiram viabilizar 1.029MW em usinas. No A-5, os players da fonte novamente se cadastraram e novamente encontraram problemas para fechar contratos de gás. A Petrobras avisou que não teria como garantir o fornecimento. Ao mesmo tempo, a MPX revelou ainda não ter produção suficiente para novos projetos. No final, a fonte mal entrou na disputa do certame. (Jornal da Energia)