A AES Tietê estima que o custo com a compra de energia para revenda, ocasionado pelo rebaixamento médio da garantia física exigida pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), pode variar entre R$ 231 milhões e R$ 441 milhões neste ano. As informações constam no relatório que acompanha as demonstrações financeiras da companhia sobre o primeiro trimestre, divulgadas ontem. No documento, a direção afirma que a estimativa é que o rebaixamento médio da garantia física pelo ONS pode variar entre 4% e 9% neste ano, com despacho de térmicas de 9,5 gigawatts (GW) a 13 GW, respectivamente. Com isso, a companhia teria de comprar de 663 gigawatts-hora (GWh) a 1.163 GWh para atender seus contratos.
O rebaixamento das garantias físicas por parte do ONS trouxe problemas para a estratégica de alocação de energia da AES Tietê e afetou os resultados do primeiro trimestre. "O ONS determinou o rebaixamento médio de 10,2% da garantia física nos três primeiros meses do ano, sendo que o maior deles ocorreu em janeiro (26%). Dessa forma, apesar de ter gerado energia 1,9% acima de sua garantia, a AES Tietê precisou adquirir energia no mercado spot para cobrir essa exposição", explicou a companhia no documento. A geradora encerrou o primeiro trimestre com lucro de R$ 185 milhões, queda de 24,6% em relação ao mesmo período do ano passado. O resultado foi afetado, principalmente, pelos maiores gastos com compra de energia para revenda, que passaram de R$ 20,9 milhões nos três primeiros meses de 2012 para R$ 185,6 milhões.
A empresa afirmou que definiu a sazonalidade do ano de forma equilibrada com seus compromissos contratuais, para minimizar à exposição do mercado spot. Mas ressaltou que não afasta a possibilidade de haver necessidade de compra de energia em "níveis elevados" ao longo do ano, "dependendo do comportamento do nível do despacho térmico e da garantia física do sistema". As receitas subiram 10,7% no mesmo intervalo, para R$ 598,1 milhões. Excluindo-se gastos com energia para revenda, os custos e despesas recuaram 12,9% frente ao mesmo período de 2012.
Eletropaulo fecha trimestre com perdas menores que o esperado
A AES Eletropaulo encerrou o primeiro trimestre com prejuízo de R$ 818 mil, após ter apresentado lucro líquido de R$ 97 milhões em igual trimestre do ano passado. Os analistas já esperavam que a maior distribuidora de energia elétrica do país, e que atende a Grande São Paulo, fechasse o trimestre no vermelho, mas as perdas foram menores que as estimadas. O analista do Banco Espírito Santo, Oswaldo Telles, previa um prejuízo de R$ 10 milhões. Em meados do ano passado, a Eletropaulo sofreu um corte severo em suas tarifas, o que afetou a sua geração de caixa. Neste ano, a situação agravou-se devido às despesas com o acionamento das termelétricas, o que abalou ainda mais o caixa de todas as distribuidoras. Em março, o governo decidiu que os gastos serão bancados pelo Tesouro Nacional, via Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), evitando assim um repasse imediato para as contas de luz.
Em seu comunicado, a AES Eletropaulo atribuiu o prejuízo a uma série de fatores, entre eles a um impacto tarifário negativo de R$ 194 milhões. A receita líquida da companhia foi 7,4% menor que a obtida no primeiro trimestre de 2012, totalizando R$ 2,290 bilhões. Suas despesas operacionais, porém, aumentaram 1,5%, para R$ 1,986 bilhão. A geração de caixa medida pelo Ebitda (lucro antes dos gastos com juros, impostos, depreciação e amortização) apresentou uma forte retração, de 57%, totalizando R$ 128,1 milhões nos três primeiros meses deste ano.
Devido à queda em sua geração de caixa, a Eletropaulo estourou, no fim de 2012, os índices de alavancagem e precisou renegociar os termos estabelecidos em suas debêntures. Com a ampliação do teto (covenants), a companhia voltou a ficar dentro dos limites permitidos pelos credores. Segundo a empresa, sua dívida líquida correspondia a 4,4 vezes o Ebitda ajustado no fim de março. Os "covenants" foram ampliados para 5,5 vezes no primeiro trimestre e 3,7 vezes no segundo trimestre. (Valor Econômico)
Leia também:
* Quatro térmicas serão desligadas no sábado
* Conta de luz menor para quem economizar entre 18h e 21h
* Proposta prevê que custo da instalação do medidor será da distribuidora
Leia também:
* Quatro térmicas serão desligadas no sábado
* Conta de luz menor para quem economizar entre 18h e 21h
* Proposta prevê que custo da instalação do medidor será da distribuidora