segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Energia solar fica mais competitiva no país

Brasília - A energia solar, renovável que mais cresce no mundo, começará a ganhar incentivos do governo para sua adoção no Brasil -embora de forma muito mais tímida do que ocorreu com a eólica. Seis distribuidoras de energia devem iniciar projeto-piloto de geração solar em 2012.

A ideia é aplicar um plano da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) para que donos de painéis fotovoltaicos liguem suas instalações na rede e troquem energia com as concessionárias. Se a experiência der certo, o governo começará a estudar a desoneração tributária de equipamentos do setor.

Até agora, a energia solar tem sido deixada de molho no país, sob a alegação de custos altos demais. Esse quadro mudou: hoje o megawatt-hora fotovoltaico tem custo ao consumidor estimado de R$ 500 a R$ 600, o mesmo ou menos do que pagam os usuários de energia convencional de 31 distribuidoras em Estados como Mato Grosso e Minas Gerais.

O preço dos painéis fotovoltaicos tem despencado -caiu 50% somente no último ano. Isso fez com que a capacidade instalada no planeta crescesse 74% em 2009 e 2010. A eólica aumentou 26% no período, segundo o relatório "Renewables 2011". "O que acontece com a solar é o que ocorreu com a eólica. Ela fica mais competitiva", diz Ivan Cardoso, diretor de distribuição da Aneel.

O modelo que o governo pretende implantar é o chamado "net metering". Ele consiste em medidores inteligentes instalados entre o painel solar e a ligação elétrica de uma casa. De dia, eles permitem que o painel jogue energia na rede. À noite, que a rede alimente a residência. Para isso, será preciso obrigar as distribuidoras a fazer a conexão. As empresas hesitam, alegando problemas de segurança na rede.

O incentivo é um passo aquém do modelo adotado em países como Japão e Alemanha, a chamada tarifa "feed-in", pela qual o gerador de energia solar pode vender seu excedente para a rede. "O 'feed-in' seria a melhor opção, mas a Aneel quer usar escambo de energia, como nos EUA", diz Antônio Granadeiro, presidente da Abeer (Associação Brasileira das Empresas de Energia Renovável). Ele comemora, porém, a adoção do "net metering". "Melhor do que nada."

QUEIXAS DA INDÚSTRIA - As indústrias se queixam da tributação. Baterias e inversores representam a maioria do custo de uma instalação e pagam, no caso dos inversores, 60% de imposto. "Não há um Proinfa para solar", diz Granadeiro, citando o programa de subsídios e a desoneração que permitiu que a energia eólica se expandisse no país. O governo pede calma. Segundo Altino Ventura, secretário de planejamento e desenvolvimento energético do Ministério de Minas e Energia, é preciso primeiro ver como o piloto vai funcionar.

O teste será feito em São Paulo (com a distribuidora EDP Bandeirante), no Rio (com a Light), no Rio Grande do Sul (CEEE), em Santa Catarina (Celesc), no Pará (Celpa) e em Minas (Cemig). A ideia é aferir o medidor inteligente a ser usado no país e o modelo de relacionamento entre o microprodutor de energia e a distribuidora. Ventura afirma que o incentivo deverá favorecer indústrias instaladas no país. Coreia, Espanha, Japão e Alemanha têm prospectado oportunidades no Brasil. Autor: Claudio Angelo e Sofia Fernandes (Folha de S. Paulo)


Leia também:
* Distribuidoras ainda tentam alterar regras
* Pinga-Fogo Setor Elétrico: MME, EPE e ABRADEE
* Por uma conta de luz cada vez mais exata