A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) está prestes a publicar as regras que definirão a troca dos atuais medidores de energia por outros "inteligentes". Serão trocados 68 milhões de aparelhos que, preparados para receber conexões de internet, permitirão às distribuidoras fazer leituras, cortes e ligamentos à distância.
A Folha apurou que o ritmo de troca deve ser definido pela própria distribuidora -e não pelo governo, como estava previsto. Grandes centros consumidores terão preferência, uma forma de ampliar o volume de compra de equipamentos, principalmente dos kits (concentradores), que estabelecem a comunicação entre medidores e as centrais das distribuidoras.
Estima-se que o gasto das distribuidoras nessa troca será de US$ 6 bilhões em até dez anos. As distribuidoras somente estão concordando em fazer esse investimento porque haverá uma redução de custos operacionais com o "sistema inteligente". Além disso, em um primeiro momento, essa redução de custos não será repassada às tarifas. Ou seja, o consumidor não pagará pelos medidores inteligentes. É o que prevê a regulamentação que será aprovada, segundo apurou a Folha.
Segundo André Pepitone da Nóbrega, diretor de regulação da Aneel, além de evitar perdas desnecessárias de energia e permitir redução de custo, o governo consegue postergar investimentos em geração de energia porque haverá redução de consumo. "Com o medidor inteligente, o consumidor terá mais controle e transparência das tarifas que está pagando e conseguirá planejar seu gasto", diz. "Estimamos que haverá até 5% de queda do consumo em horários de pico."
Segundo Nóbrega, atualmente, esse consumo é da ordem de 60.000 MW. "Parece pouco, mas com uma economia de 3.000 MW estamos adiando a construção de usinas do porte de Santo Antônio e Jirau, que custaram bem mais do que US$ 6 bilhões."
PROJETO-PILOTO - Ainda segundo a Aneel, a Celpe (Companhia Energética de Pernambuco) fará um teste na ilha de Fernando de Noronha que servirá de base para todo o país. A distribuidora trocará todos os medidores da ilha, permitindo que os domicílios com placas solares possam "injetar" energia na rede e não só consumi-la.
O medidor "saberá" calcular instantaneamente a diferença entre a energia consumida (fornecida pela distribuidora) e a injetada na rede pelas placas solares. A energia injetada será contabilizada pelo preço da tarifa da energia fornecida e abatida na conta no fim do mês. "Esse é um modelo que poderá ser implantado em todo o país", diz Nóbrega. "Mas para isso ainda precisamos aprovar uma regulamentação específica que definirá as regras de conexão nas redes das distribuidoras. Uma empresa com uma unidade de geração poderia injetar energia no sistema enquanto não estivesse consumindo."
A troca dos medidores também levará a indústria de eletrodomésticos a reformular seus produtos. Hoje, já existem geladeiras dotadas de chips que podem "conversar" com os medidores inteligentes. Mas, futuramente, outros aparelhos também poderão ter o mesmo chip. O resultado é que o medidor poderá indicar necessidade de reparos caso esses aparelhos consumam energia acima do previsto. A própria distribuidora poderá enviar uma mensagem ao cliente solicitando o reparo. (Folha de S. Paulo)
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