Os estudos de planejamento da expansão de energia no país elaborados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) são considerados inconsistentes para especialistas do setor. Segundo consultores, o órgão não tem sido claro em relação ao papel das termelétricas — especialmente sobre os momentos de utilização dessa matriz energética —, que têm preços mais elevados que os das usinas hidrelétricas.
Segundo um especialista do setor, apesar dos crescentes investimentos previstos em térmicas nos próximos anos, a EPE praticamente não menciona a participação destas geradoras no suprimento de demanda de energia a partir de 2014, confiando apenas na capacidade de geração de novas hidrelétricas com oJirau e Santo Antônio. “Podemos não ter riscos de apagões, mas o custo será alto”.
Outra crítica à EPE está na centralização dos estudos para viabilizar projetos de hidrelétricas. Segundo especialistas, o órgão é lento em ofertar projetos de hidrelétricas capaz de atender o ritmo de crescimento da demanda. As usinas em construção têm reservatórios pequenos, o que inevitavelmente exigirá o uso de térmicas. Embora a EPE impute os baixos reservatórios às exigências do Ministério do Meio Ambiente, o fato é que elaborou por conta própria apenas um projeto hidrelétrico: de Teles Pires. Os outros foram terceirizados. “O mundo inteiro daria mais valor às hidrelétricas, que geram energia mais barata e nós estamos nos afastando delas”, avalia Rafael Herzberg, sócio da consultoria especializada em energia Interact. “A falta de planejamento deságua na necessidade de acionar as térmicas”.
Entre 2007 e 2010, termelétricas do país aumentaram sua potencia em 8.230 megawatts (MW). Já as hidrelétricas, no mesmo período, expandiram-se em 3.587MW. Mesmo com Jirau e Santo Antônio, que juntas acrescentarão 5.586 MW na matriz brasileira, as fontes renováveis — pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) e eólicas —, não darão conta de demanda, que será de 4.500 MW por ano até 2020.
A Associação Brasileira de Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace) diz que nos próximos dois anos o encargo da Conta de Consumo de Combustíveis (CCC), que é diretamente ligado ao acionamento das térmicas, será o maior responsável pelo encarecimento da conta de luz. (Brasil Econômico)
Leia também:
* EPE projeta R$ 1 tri para área de energia até 2020
* Pinga-Fogo Setor Elétrico: Aneel, CNPE e Copel
* Revisão de concessões de energia trará preço menor ao consumidor
* Com licenciamento mais ágil, governo vai acabar com licitação casada de geração e transmissão
Leia também:
* EPE projeta R$ 1 tri para área de energia até 2020
* Pinga-Fogo Setor Elétrico: Aneel, CNPE e Copel
* Revisão de concessões de energia trará preço menor ao consumidor
* Com licenciamento mais ágil, governo vai acabar com licitação casada de geração e transmissão