segunda-feira, 6 de junho de 2011

Aneel diz que 20% da nova energia do país tem atraso

Um quinto da nova geração de energia elétrica contratada no país está atrasada, revela o último relatório da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) -responsável pela fiscalização do andamento de 539 usinas em construção no país. Segundo documentos da agência reguladora, os atrasos estão relacionados à ausência de licença ambiental autorizando o empreendimento, como a que foi conceda nesta semana para Belo Monte, e problemas de ordem econômica dos empreendedores.

Dos 49.016 MW contratados -capacidade que deve estar à disposição do país até 2019-, a Aneel não tem nenhuma previsão para a entrada em operação de um volume de 9.818 MW. Essa capacidade de geração de energia hoje sem estimativa de prazo para operação supera a metade brasileira da usina hidrelétrica de Itaipu (7.000 MW) e representa o mesmo que três usinas de Jirau, em construção no rio Madeira (RO).

O relatório da Aneel exclui da relação de usinas atrasadas as seis termelétricas do Grupo Bertin, cuja capacidade total é de 956,2 MW. Pelo contrato assinado com a agência reguladora, essas térmicas deveriam estar disponíveis para o sistema elétrico em janeiro passado. A agência ainda espera esses projetos para este ano.

TODAS AS FONTES

Os atrasos podem ser constatados em projetos de todas as fontes de geração de energia. No grupo das pequenas centrais hidrelétricas, o atraso nos projetos alcança 27,8% da capacidade instalada prometida por empreendedores à Aneel. Entre os projetos eólicos, a Aneel informa que 18,9% da energia deles não tem previsão de operação. O impacto nesses dois casos é relativo. São fontes de energia que, juntas, respondem por 15% da nova oferta.

Problema maior está na falta de previsão em parte de duas fontes predominantes: termelétricas e hidrelétricas. Pior para a primeira. Dos 18.500 MW em térmicas contratados no Brasil, 4.300 MW estão atrasados. Isso equivale à potência que o país precisa expandir todos os anos a fim de garantir o abastecimento e assegurar o crescimento de 4,5% do PIB.

As térmicas respondem por 37% da nova oferta de energia. Só perdem para as hidrelétricas -fonte que voltou a ser predominante depois que o governo viabilizou a construção de barragens na Amazônia, última grande fronteira para a exploração desse tipo de energia. Hoje, as hidrelétricas contratadas em todo o país representam 47,2% de toda a nova oferta de energia que deve estar disponível até 2019. Nesse grupo estão usinas como Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira (RO), e Belo Monte, no rio Xingu (PA). Dos 23.100 MW em nova capacidade hidrelétrica, 2.300 MW estão sem previsão, ou 10% da potência.

A Folha tentou ouvir a Aneel e o MME (Ministério de Minas Energia) sobre o impacto desses atrasos no planejamento energético do país, mas não obteve retorno até a conclusão desta edição. (Folha de S. Paulo)

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