Os frutos da estabilidade política e econômica surgem na forma de crescentes investimentos, expansão de empregos, distribuição de renda e inserção social. Alguns temas carecem de exploração e de entendimento. É o caso da questão energética. Preços crescentes de energia e pressões de sustentabilidade são gargalos para o crescimento e justificam a presença da eficiência energética na agenda dos presidentes de empresas.
Recente pesquisa global realizada pela Accenture e ONU mostra que 93% dos executivos acreditam que sustentabilidade é fator crítico e decisivo para o futuro dos negócios. Outro estudo, agora do IEA (International Energy Agency) indica economias potenciais de energia entre 25 e 37 EJ por ano, o que equivale a aproximadamente três vezes o consumo final de energia anual no Brasil, com tecnologias e práticas comprovadas, podem reduzir as emissões anuais de 1.9 e 3.2 Gt de CO2, o que corresponde a cerca de 40% das emissões realizadas na China em um ano.
Comresultados ainda longe do seu potencial, a eficiência energética possui três fortes obstáculos: a falta de compreensão do tema, o real potencial ganho operacional e financeiro, e a alta complexidade de execução. Elucidando uma um, temos como providência inicial, o diagnóstico das práticas atuais, o rastreamento do consumo de energia ao longo de toda a cadeia de valor e a definição das metas. Sabe-se que cada iniciativa de eficiência energética pode reduzir custos, aumentar produtividade, agregar valor à marca, reduzir emissões, e isso é premissa fundamental para a tomada de decisão executiva.
Como próximo passo, temos a definição do portfólio de soluções de eficiência energética. Dada a diversidade de opções, é fundamental entendermos os diferentes grupos: tecnologias e práticas comprovadas, soluções que promovem opções e flexibilidade de operação, e abordagens inovadoras que
antecipamtendências e expandem modelos de negócio.
As tecnologias e práticas comprovadas apresentam potencial de ganhos significativos por meio de maior integração energética, de investimentos em equipamentos mais eficientes e de práticas eficazes de gestão, operação e manutenção dos ativos. Já um conjunto de soluções promove opções, isto é, oferece a flexibilidade de atuação necessária em contextos de grande incerteza. Um caso interessante é o tratamento de resíduos sólidos, que permite tratamento ambiental adequado e, simultaneamente, geração de energia elétrica.
As abordagens inovadoras preparam as empresas para as mudanças. As grandes multinacionais brasileiras se destacam nessa área. A Petrobras projeta dobrar sua produção até 2020 e prevê grandes investimentos em inovação para avaliar tecnologias que viabilizema operação do pré-sal.
O terceiro e último passo, refere-se aos obstáculos. O principal desafio devido à complexidade do tema e à competição entre prioridades. Especial atenção deve ser dada à gestão da mudança, uma vez que programas de transformação envolvem múltiplas unidades produtivas e abrangemdiversos públicos.
Para concluir, uma abordagem bem-sucedida sobre eficiência energética deve considerar um portfólio balanceado entre soluções, onde cada elemento contribui à geração de valor e ao atendimento das metas propostas. Assim, essa transformação somente no setor industrial produz impacto imediato sobre toda a sociedade, dado que este consome um terço de toda energia mundial e produz 36% das emissões de CO2. Autor: Dirceu Azevedo, Gerente sênior para a área de estratégia da Accenture, Matthew Govier, Líder para a área de consultoria em sustentabilidade da Accenture no Brasil (Brasil Econômico)