A troca de cadeiras no setor elétrico começou nesta semana com a mudança no comando de Furnas e deve se intensificar nos próximos dias. A presidenta Dilma Rousseff quer cumprir a promessa de realizar uma “varredura” nos cargos das empresas estatais. Dos oito presidentes apenas um tem lugar garantido até agora.
Trata-se do diretor-presidente brasileiro da Itaipu binacional, Jorge Samek. Filiado ao PT do Paraná, ele está no cargo desde 2003, quando renunciou o mandato de deputado federal recém conquistado para assumir o comando da empresa de energia elétrica. Seu padrinho mais forte é o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Nas demais diretorias de Itaipu, não há garantias para nenhum dos atuais ocupantes: há um diretor ligado ao PV, outro ao PT e um ao PMDB. Em janeiro deste ano, Dilma revelou a aliados o desejo de promover mudanças no setor do qual tem amplo conhecimento _entre 2003 e 2005, foi ministra de Minas e Energia.
A vontade de Dilma repercutiu mal, sobretudo, no PMDB da Câmara que brigou o quanto pode para manter o então presidente de Furnas, Carlos Nadalutti Filho, no cargo. Ligado ao deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ele foi substituído na quarta-feira. Para o seu lugar, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, anunciou Flávio Decat.
Um dos defensores da indicação do PMDB fluminense em Furnas, o líder do partido na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), afirmou que não é hora de ficar perdendo com mais discussão sobre o assunto. “Vamos virar a página. A indicação foi do ministro Lobão e da presidenta. Ok, sem problemas”, afirmou.
A nomeação de Decat foi assumida por Lobão. No entanto, ele tem como padrinho a própria presidenta Dilma Rousseff. Num primeiro momento, Decat foi cotado para o comando da Eletrobras. Diante da briga envolvendo o PMDB do Rio, acabou deslocando para Furnas.
A saída de Muniz Filho, porém, é uma questão de tempo. Ele chegou ao comando da Eletrobras ainda no primeiro mandato do presidente Lula por indicação do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Agora, deve ser substituído por José da Costa Carvalho Neto
No governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), Muniz Filho foi presidente da Eletronorte. É justamente para lá que ele deve retornar. Ele tem o apoio de Sarney. A troca resultará na saída do petista Josias de Araújo do cargo.
Principal responsável pelo monitoramento da distribuição de energia no Nordeste, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) também deve ter o presidente trocado. Dinton da Conti foi indicado pelo PSB. O partido, no entanto, deve sugerir outro nome para o posto. O governador Eduardo Campos (PE), reconheceu o desejo da presidenta Dilma em diminuir a presença de indicações políticas no setor elétrico.
Na Eletrosul, já é dada como certa a saída do atual presidente Eurídes Mescolotto. Ex-marido da ministra Ideli Salvatti (Pesca), ele é filiado ao PT de Santa Catarina. Antes de ser nomeado presidente da estatal foi presidente do Banco do Estado de Santa Catarina.
O mais cotado para substituir Mescolotto é Cláudio Vignatti, candidato derrotado ao Senado pelo PT-SC. Nas demais diretorias da Eletrosul, também estão previstas mudanças.
Na Eletronuclear, o PMDB de São Paulo deve perder a indicação de Miguel Colasuono. Ele chegou ao cargo a pedido do ex-governador de São Paulo Orestes Quércia (PMDB), morto em dezembro de 2010.
Leia também:
* Para presidente, setor elétrico é a espinha dorsal do crescimento
* Medida Provisória que libera créditos para setor elétrico tranca pauta do Senado
* Pinga fogo setor elétrico: ONS, CCEE e Belo Monte
* Novo diretor de Furnas vê "grupos se digladiando"
Leia também:
* Para presidente, setor elétrico é a espinha dorsal do crescimento
* Medida Provisória que libera créditos para setor elétrico tranca pauta do Senado
* Pinga fogo setor elétrico: ONS, CCEE e Belo Monte
* Novo diretor de Furnas vê "grupos se digladiando"