BRASÍLIA - Recém-nomeado para dirigir Furnas, o engenheiro Flávio Decat promete atuar para "arrumar e pacificar" a estatal do setor elétrico. Ele afirma que grupos políticos "aparentemente estão se digladiando" dentro da empresa, alvo de acusações de irregularidades. Decat nega ser ligado a José Sarney, apesar do conteúdo de grampos da Polícia Federal indicarem o contrário, e afirma que seu único padrinho político é "a presidente".
Apesar da afirmação, a indicação agrada a dois grupos peemedebistas: o da família Sarney e o do governador do Rio, Sérgio Cabral. A nomeação deixou insatisfeita, entretanto, a bancada peemedebista da Câmara e gerou a primeira crise da montagem do segundo escalão do governo Dilma.
Folha - O que o sr. pretende fazer de imediato em Furnas?
Flávio Decat - Meu principal objetivo é pacificar a empresa -que está aparentemente com grupos se digladiando lá dentro- e organizar e estabelecer uma governança absolutamente transparente. Furnas precisa que todos os seus atos sejam expostos publicamente e julgados publicamente como corretos. Essa é a única forma de a gente arrumar.
Como conter esses grupos políticos disputando poder?
A orientação é uma gestão profissional. É o que farei.
O sr. pensa em retirar já as indicações políticas?
Pelo que entendi das conversas, que foram poucas ainda, os diretores vão colocar os cargos à disposição. A partir daí vamos conversar para colocar pessoas que sejam evidentemente qualificadas sob todos os aspectos. Não significa também...
...que vai fazer uma caça às bruxas?
É, não significa isso. Vamos arrumar e pacificar. Se tiver erro, apurar e punir. O objetivo é fazer uma boa gestão numa enorme empresa -40% da energia passa por ali. Furnas é a espinha dorsal do sistema elétrico brasileiro. Precisa funcionar bem para não ter apagão.
O sr. não chega com disposição de fazer uma troca geral?
Nem sim nem não.
O senhor foi gravado na Operação Boi Barrica [renomeada Faktor] em conversas com a família Sarney...
Não, não. O que tem lá, o que apareceu foi o Fernando [Sarney] gravado dizendo para o pai para receber uma pessoa num determinado horário. E a operação [policial] indica que essa pessoa era eu. Eu efetivamente, naquela ocasião, estive com o presidente Sarney. Depois nunca mais. Nem com ele nem com o Fernando.
O sr. mantém alguma relação com a família Sarney?
Lá atrás. Estive com o presidente Sarney e com a Roseana [filha dele e atual governadora do Maranhão]. Só.
Quem o sr. aponta como padrinho político de sua indicação?
Eu não aponto, eu digo que é a presidente Dilma Rousseff. Eu fui convidado por ela, fui chamado em Brasília. Ela me convidou na frente do ministro Lobão. (Folha de S. Paulo)
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