Os reajustes nas contas de luz deste ano prometem ser salgado - em torno de 10%, mais que o dobro da inflação - e devem trazer mais prejuízos do que o gasto maior do consumidor no fim do mês. Cada R$ 1 de aumento real na conta tira do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro R$ 8,5. O cálculo é da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia e de Consumidores Livres (Abrace).
O presidente-executivo da entidade, Paulo Pedrosa, diz que a conta inclui o aumento de custos e a perda de competitividade dos produtos brasileiros e o efeito cascata com alta de preços nos produtos e reflexos na inflação. "Energia barata deveria ser uma estratégia de governo. É um investimento barato, com retorno garantido", diz.
Ele explica que os reajustes devem acontecer porque os encargos do setor subiram cerca de 46%, de R$ 13 bilhões em 2009 para R$ 19 bilhões em 2010. Uma das causas foi a utilização das térmicas, que produzem energia mais cara e foram acionadas porque os reservatórios estão com estoque baixo. "O processo tarifário do Brasil joga os custos de um ano para o outro", diz.
A Abrace acredita que nos próximos cinco anos a energia elétrica terá reajuste real (acima da inflação) de 25% para o consumidor industrial e de 20% para o residencial. Neste ano, o diretor da Enecel Energia, Raimundo Batista, também acredita em aumento real para todas as concessionárias. Ele diz que apenas os consumidores livres - que podem escolher de quem comprar energia e negociar seus contratos - terão condições melhores. "Pelo menos na parcela ‘energia’, eles podem ter uma redução, mas a parcela ‘encargos’ vai subir e equilibrar as contas", diz.
Prorrogada.
A prorrogação da Reserva Global de Reversão (RGR), encargo que seria extinto em 31 de dezembro último, mas foi prorrogado até 2035, também vai pesar nas contas. Segundo a PriceWaterHouse Coopers, a RGR representa 1,23% da conta de energia. O presidente-executivo da Abrace, Paulo Pedrosa, diz que a entidade está se mobilizando para derrubar a Medida Provisória que estendeu a vigência do encargo.
Ele afirma também que a entidade já quer discutir o fim da concessão de algumas usinas - inclusive da área da Cemig - previstas para 2015. "A concessão é como um leasing e, ao final, o bem é do consumidor. A usina tem que passar a ser do consumidor e isso vai contribuir para o preço mais baixo da energia", diz. (O Tempo)
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