Brasília - Apesar de ter apresentado um consumo de energia maior que no ano anterior, o resultado do horário de verão deste ano foi considerado “altamente positivo” pelo governo. A redução foi de 2.376 megawatts (MW), no horário de pico, ante 2.587 MW do período anterior. Os resultados foram debatidos nesta quinta-feira (24/2), durante reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE).
“Duzentos megawatts a menos em uma conta de 71 mil MW é uma diferença desprezível”, avalia o diretor-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, comparando a diferença da redução do consumo com a demanda total por eletricidade do país.
Segundo Chipp, o aumento no consumo em relação ao horário de verão anterior pode ter sido causado pela mudança de hábito dos brasileiros, especialmente das classes C e D, que, com mais aparelhos eletrônicos, acabam ficando mais tempo em casa.
De acordo com o ONS, o horário de verão, que vigorou de 17 de outubro a 20 de fevereiro, resultou em uma redução de 4,4% na demanda de energia no horário de pico, nas regiões onde o sistema foi adotado. No ano passado, a diminuição foi de 4,7% nas regiões Sudeste e Centro-Oeste e de 4,8%, na Região Sul. A economia da geração térmica evitada com a adoção do horário de verão foi estimada em R$ 30 milhões.
EPE descarta problema de abastecimento de energia elétrica por causa de Angra 1 e 2
Rio de Janeiro – O desligamento sucessivo das usinas nucleares Angra 1 e 2 do sistema elétrico nacional, nos últimos dias, não trará problemas para o abastecimento de energia no país. A avaliação é do presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.
“Felizmente, nós estamos com um excedente de energia. Nós temos plantas que podem substituir Angra. E Angra está sendo substituída facilmente por outras usinas até voltar à operação. A situação é de total tranquilidade. Não tem grandes problemas”, disse à Agência Brasil. Angra 1 já voltou ao Sistema Interligado Nacional (SIN), mas Angra 2 ainda não tem previsão de retorno. A expectativa da Eletronuclear é que isso ocorra possivelmente hoje (25/2).
Sobre o crescimento do consumo de energia no começo do ano, Tolmasquim afirmou que o crescimento de 6,5% em janeiro está, em parte, relacionado à queda provocada pela crise internacional de 2008/2009. Segundo ele, o consumo da indústria nacional cresceu muito no primeiro mês deste ano, sobretudo na Região Sudeste (9,6%), enquanto a demanda residencial foi puxado pelas regiões Norte e Nordeste, sobressaindo-se o estado da Bahia, com aumento do consumo de 16%.
“Isso é consequência da venda de equipamentos. Para se ter uma ideia, a venda de eletrodomésticos aumentou 18%, em 2010, e a venda de computadores pessoais cresceu 23% no ano passado em relação a 2009. Ou seja, como o Nordeste está tendo um grande aumento da renda, isso faz com que a população nordestina e da Região Norte esteja incorporando muitos eletrodomésticos, e isso leva a um aumento do consumo de energia elétrica”, afirmou.
O setor de comércio e serviços, de acordo com Tolmasquim, seguiu a mesma tendência de expansão do consumo de eletricidade. “Isso está ligado também à questão da renda. Tem um grande aumento (24%) de vendas de equipamentos, de material de escritório, informática e comunicação, e um aumento muito grande de uso de aeroportos, devido ao aumento do turismo”.
O presidente da EPE destacou a ampliação de 20% nos desembarques domésticos e internacionais em 2010, o que, segundo ele, “mostra a força da atividade de turismo, que está crescendo muito”. Tolmasquim entende que o crescimento de 6,5% observado no consumo de energia elétrica em janeiro mostra o vigor da indústria e o efeito do aumento da renda, além do número de novas ligações, ou seja, de novas residências.
A projeção da EPE para 2011 é de ampliação do consumo em torno de 5%, “porque, justamente, a gente vai diminuindo o efeito de ter tido uma recessão no mundo, que afetou o Brasil. Isso tem um efeito menor agora”, afirmou Maurício Tolmasquim. (Agência Brasil)
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