domingo, 12 de dezembro de 2010

Decreto com metas para redução das emissões pega o setor de surpresa

O setor elétrico foi pego de surpresa na sexta-feira (10/12), com a publicação, pelo Diário Oficial da União, de decreto assinado pelo presidente Lula em que é regulamentada a Política Nacional para a Mudança Climática. O texto estabelece a meta de reduzir em 6% as emissões de gases causadoras do efeito estufa até 2020. O Jornal da Energia apurou que agentes do setor haviam sido informados pelo Ministério de Minas e Energia nesta quinta-feira de que o decreto não sairia e que as negociaçõs sobre a proposta final seguiriam em curso.

Os mais afetados pela medida devem ser os empresários do setor termelétrico, devido às emissões de CO2 resultantes das usinas a gás, carvão e óleo. O presidente da Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas (Abraget), Xisto Vieira Filho, prefere ainda não comentar o assunto, mas afirma que só tomou conhecimento do decreto após sua publicação. Segundo ele, a entidade vai se reunir para fazer uma avaliação do texto antes de emitir uma opinião.

Para o diretor-executivo da Associação Brasileira de Geração Flexível (Abragef), Marco Antônio Velloso, "a medida é estúpida". O empresário afirma que a matriz energética brasileira já é uma das mais limpas do mundo e teme as metas que serão estabelecidas para a redução de emissões no setor. Esses números devem ser definidos pelo governo até o final de 2011.

"Politizaram essa questão de meio ambiente", critica Velloso. "O Brasil, para ficar bem no cenário internacional, está assumindo compromissos que não tem que assumir e comprometendo dinheiro que não tem para gastar para agradar pesssoas a quem ele não deve nada. É uma brincadeira de mau gosto", afineta o diretor da Abragef.

O executivo lembrou ainda que o Plano Decenal de Energia (PDE), que traça as bases para a expansão da matriz energética do País, já não aponta para a contrataçao de novas usinas térmicas. Para Velloso, a avaliação do governo ao elaborar o documento é perigosa pois, devido à falta de reservatório nas novas hidrelétricas, as termelétricas se tornaram uma peça cada vez mais importante no sistema. "O pessoal está agindo muito na base do ímpeto, da crendice. Falta bom senso, racionalidade", analisa o diretor. (Jornal da Energia)

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