terça-feira, 5 de outubro de 2010

Energia elétrica impacta mais o orçamento das famílias de menor renda

O aumento do consumo de energia elétrica impacta mais o orçamento das famílias brasileiras de menor renda. Na média, o peso dessa despesa permaneceu quase estável nos últimos anos, passando de 2,2% em 2002/2003 para 2,3% em 2008/2009, segundo a Pesquisa de Orçamentos Familiares do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (POF-IBGE). Considerando apenas a faixa da população que ganha até dois salários mínimos, porém, o percentual passou de 3% para 3,5% na comparação dos dois períodos pesquisados.

"A mudança do consumo é mais visível nos estratos mais baixos da população, onde é possível ver um crescimento do peso da aquisição de eletrodomésticos sobre o orçamento", diz Isabel Martins Santos, analista econômica do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Enquanto no país a representatividade dos gastos com aquisição de eletrodomésticos no orçamento das famílias passou de 1,9% em 2002/2003 para 2,1% na pesquisa mais recente do IBGE, na parcela da população com renda até dois salários mínimos, o peso passou de 2,6% para 3,2% em igual período. "A partir de uma renda de quatro salários mínimos já não vemos tanto impacto do crescimento do consumo de energia sobre o orçamento", diz Isabel.

Em São Paulo, houve até queda no peso dessa despesa dentro do orçamento familiar, segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). A participação caiu de 4,2% em 2000 para 3,8% em 2010, segundo dados preliminares da nova pesquisa de orçamento familiar da instituição. Essa queda parece ser um efeito da redução dos preços, já que o consumo de eletroeletrônicos aumentou.

O peso da aquisição de uma máquina de lavar roupas subiu de 0,14% para 0,20% em dez anos, enquanto o de televisão passou de 0,32% para 0,50%, e o de computadores foi de 0,04% para 0,65%. "O crescimento do consumo é algo claro pela evolução do padrão de consumo. A queda foi puxada pelo preço da energia", diz Antônio Comune, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe.

Segundo a Eletropaulo, distribuidora de energia na Grande São Paulo, houve uma queda de -25,13% na tarifa para o consumidor residencial de julho de 2000 a julho de 2010, já considerando os impostos. O consumo, porém, cresceu 24% no primeiro semestre desse ano comparado ao mesmo período de 2000. (Valor Econômico)
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