O grupo que fez fortuna no agronegócio agora aposta alto no setor de energia. E em apenas três anos quer gerar 6,7 mil megawatts em 42 usinas no País. Itaipu, a segunda maior usina hidrelétrica do mundo, não está à venda. Mas a família Bertin, que construiu um império no agronegócio a partir de um pequeno frigorífico no interior paulista, quer metade dela.
Calma, não é bem assim. O plano da Bertin Energia é construir um parque de usinas que reunirá termelétricas – a gás, óleo e biomassa –, Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e eólicas com capacidade instalada para gerar 6.743 MW. É quase metade do potencial de Itaipu, que soma 14 mil MW, ou, ainda, o suficiente para abastecer cerca de dez milhões de casas.
Calma, não é bem assim. O plano da Bertin Energia é construir um parque de usinas que reunirá termelétricas – a gás, óleo e biomassa –, Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) e eólicas com capacidade instalada para gerar 6.743 MW. É quase metade do potencial de Itaipu, que soma 14 mil MW, ou, ainda, o suficiente para abastecer cerca de dez milhões de casas.
Se não houver nenhum atraso no cronograma, essa meta poderá ser atingida em 2013. “Apostar em energia foi a decisão da família após perceber uma janela de oportunidade. Se o Brasil crescer nos níveis esperados, de 7%, será necessário aumento de capacidade instalada entre 7% e 8%”, diz José Malta, presidente da Bertin Energia, em entrevista à DINHEIRO.
Hoje, a capacidade do País é de 108.809 MW. Não só o Bertin notou o filão. Nos últimos cinco anos, esse mercado atraiu uma gama de novos investidores, entre eles, empresas como a Renova Energia, Brookfield Energia e SIF.
“Houve uma relativa estagnação dos investimentos de grandes players e, em paralelo, empresas notaram que pequenos projetos eram rentáveis”, avalia Eduardo Bernini, ex-presidente da Eletropaulo e sócio da Tempo Giusto Consultoria.
Para ganhar espaço nesse mercado, o Bertin planeja investir R$ 8 bilhões em novos projetos. Hoje, sua capacidade de geração chega a 710 MW, somando 11 usinas. A partir do próximo ano, está previsto o início de operação em outras 31 estruturas.
Com o parque em funcionamento, a empresa espera faturar R$ 7,2 bilhões em 2014, ante os R$ 508 milhões previstos para este ano. Do total de usinas pertencentes ao grupo, 30 serão termelétricas de consumo de óleo e gás. “A maior aposta está nos projetos fósseis porque não dependem do clima. Há a necessidade, no País, de ter energia de reserva térmica”, diz Malta.
PCH em MS: ao todo, as usinas da companhia terão capacidade para gerar 6,7 mil megawatts
O executivo afirma que boa parte das termelétricas do grupo vai fornecer energia de reserva – ou seja, quando houver solicitação governamental para suprir faltas. “Não é possível firmar energia só com as hidrelétricas”, continua.
Além disso, acrescenta Bernini, da Tempo Giusto, o negócio é bom porque o risco de investir em energia de reserva é menor. A companhia recebe um valor fixo mensal do governo – que cobre a amortização do capital investido – e não arca com os custos do combustível, quando acionada em caso de necessidade. “Esse encargo fica com o consumidor”, explica Bernini.
Nos últimos dois meses, alguns dos novos projetos chegaram ao Bertin via aquisição de 71% da Thermes, que pertencia ao grupo cearence EIT, e após uma cisão da Cibe – empresa em que Bertin e o grupo Equipav, de açúcar e álcool, atuavam nos ramos de concessão de rodovias, saneamento e energia.
“Negociamos a cisão porque o Equipav vinha passando por uma situação financeira ruim nos últimos dois anos”, diz Malta. Assim, o Bertin ficou com a maior parte dos ativos de energia e concessão de rodovias. “Herdamos projetos bastante complicados com respeito ao prazo de entrega e estamos acelerando o trabalho para cumprir os prazos.”
Recentemente, a empresa foi notificada e multada em R$ 1,2 milhão pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), por conta do atraso em seis usinas do cluster Aratu I, localizado na Bahia. Por causa disso, as termelétricas chegaram a ficar de fora dos planos de expansão do governo.
Porém, nesta semana, o Operador Nacional do Sistema (ONS) informou que as usinas do Bertin entraram novamente no planejamento. Vale lembrar que, além de todas essas usinas, o Bertin detém 9% de participação no consórcio Norte Energia, vencedor na disputa pela Belo Monte, no Pará, o maior projeto atual na área de usinas hidrelétricas, com capacidade para gerar 4,4 mil megawatts. (IstoÉ Dinheiro)