quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Entidades questionam valor da energia elétrica no atacado estabelecido pelo governo

Apesar do projeto que visa a gratuidade de energia e o sistema pré-pago incidirem diretamente sobre as distribuidoras, as empresas se esquivam de comentar sobre o assunto. Além da Rede Energia, foram procuradas pela reportagemdo Brasil Econômico os grupos AES, CPFL, EDP, Energisa, Neoenergia, Equatorial e Ampla, mas nenhuma das companhias disponibilizou um porta-voz.

A relação que vem sendo travada entre governo e setor privado na área energética mantém os dois temas em incógnita. Junto com a generosidade nos financiamentos ao segmento caminha também uma maior intervenção, o que pode colocar um projeto de “bolsa-luz” em pauta, mesmo gerando contrariedades.

Preço
A fórmula como o governo estabelece o valor da energia elétrica no atacado vem sendo questionada pelas entidades que representam concessionárias e grandes consumidores. Suas diretorias argumentam que as recentes decisões saídas de reuniões fechadas do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), ligado ao Ministério de Minas e Energia (MME), interferiram significativamente nas expectativas de preços do mercado e, por isso, cobram mudanças, visando dar mais transparência. “Este é um conhecido clamor de todo
o setor elétrico, seja para dar previsibilidade aos seus negócios, respeitar os direitos do consumidor e se evitar especulações descabidas de mercado”, diz Maurício Corrêa, presidente da Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia (Abraceel).

Ele sugere que o CMSE adote o modelo de funcionamento do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) para fixar a taxa básica de juros (Selic), principal orientador dos agentes econômicos. “Se as atas da CMSE fossem públicas, os agentes do mercado saberiam avaliar com profundidade as razões técnicas que levam o governo a tomar as decisões relacionadas com o setor”, ressalta.

Recentemente, o CMSE surpreendeu ao retirar a oferta de seis térmicas, que somam cerca de mil megawatts e eram consideradas na formação do Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), elevando drasticamente preços de curto prazo. (Brasil Econômico)