segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Consórcio de 11 empreiteiras deverá construir Belo Monte

A negociação em torno das obras civis da usina hidrelétrica de Belo Monte caminha para um superacordo em que todas as empreiteiras de construção pesada no país devem participar da obra por meio de um consórcio construtor sob a coordenação da Eletrobrás. O grupo inclui Odebrecht, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez.

Hoje, a Eletrobrás apresentará a última proposta em termos de preço do contrato e as negociações convergem para um acordo. As partes não falam sobre valores, mas dizem que o contrato não ultrapassa os R$ 15 bilhões, que é o orçamento original previsto pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Fechado acordo sobre o preço, a briga vai partir, então, para o loteamento da obra.

São os interesses de 11 construtoras que estão em jogo em torno de uma das maiores obras do país depois da construção de Itaipu. "Em Itaipu foi formado um grupo de 12 construtoras, não seria diferente em Belo Monte", diz um dos membros do conselho de administração da Norte Energia, consórcio vencedor da concessão da hidrelétrica. As três maiores do país, Odebrecht, Camargo e Andrade Gutierrez, são as únicas que não fazem parte da Norte Energia. Mesmo assim, elas reivindicam pelo menos 50% da obra. A vantagem delas sobre as demais é que elas têm como apresentar garantias para a construção, já que tinham pré-contratos com seguradoras internacionais quando fizeram a oferta para o consórcio Belo Monte Energia, que perdeu o leilão. Além disso, foram elas que passaram anos estudando a obra junto com a Eletronorte.

As outras construtoras, por sua vez, - Queiroz Galvão, OAS, Mendes Junior, Serveng, Contern, Cetenco, Galvão Engenharia e J. Malucelli - têm o argumento de serem atualmente sócias do empreendimento e, portanto, já estão comprometidas com o investimento. Juntas, elas têm cerca de 12% da sociedade. A Queiroz Galvão e a OAS, entretanto, não têm apoio das pequenas construtoras. A Queiroz Galvão brigou para ter um representante no conselho de administração de sua escolha, o que desagradou às demais. Entre as pequenas construtoras é consenso que as grandes empreiteiras precisam participar da obra. "Falta discutir percentual, mas está 99% fechado que todas as empreiteiras estarão na obra", diz uma fonte de uma das empresas sócias do empreendimento.

Uma fonte da Eletrobrás que acompanha de perto as negociações diz que, como toda projeto de hidrelétricas, a construção será dividida em obras principais e as chamadas obras de reservatórios, que incluem construções acessórias como as da vila para assentamento dos funcionários que vão erguer a usina. Não haverá a figura do EPC, pois o fornecimento de equipamentos está sendo fechado à parte. O consórcio liderado pela Alstom deverá ficar com grande parte do contrato, mas também a Impsa fornecerá turbinas. "Nenhum contrato foi assinado ainda", afirma um dos membros do Conselho.

A usina de Belo Monte terá capacidade de gerar 11.233 MW e terá três frentes de obras. Prevê uma casa de força principal, com capacidade de 11 mil MW e uma usina menor de 233 MW. Além disso, será preciso abrir um canal no meio da Amazônia que ligará uma usina e outra. Na volta grande do rio Xingu, que abrange uma distância de cerca de 100 km entre uma usina e outra, será construída uma barragem para regular o nível da água. (Valor Econômico)