Se dizendo aberta a todas as oportunidades de negócios em transmissão de energia no Brasil, a chinesa State Grid arrematou, em parceria com a Companhia Paranaense de Energia (Copel), a maior linha de transmissão leiloada no País desde o Linhão do Madeira, realizado em 2009. No foco da estatal asiática para parcerias estavam as duas empresas nomeadas - além da Copel está a Eletrobras.
Porém, a agressividade no deságio (preço que será cobrado para a transmissão) apresentado na licitação de sexta-feira poderá ser empecilho para uniões com a estatal brasileira. - Segundo o diretor de Transmissão da brasileira, José Antônio Muniz Lopes, após o resultado do leilão, a Eletrobras não deve formar parcerias que afetem a rentabilidade de empreendimentos, cobrando muito abaixo. "O deságio apresentado não poderia ser coberto por nós, porque ultrapassou os valores que poderíamos oferecer para ter rentabilidade", resumiu o executivo que é o ex-presidente da estatal. "Já tivemos conversas no passado com eles e ainda podemos formar parcerias, mas desde que os lances não ultrapassem os limites empresariais como foi o deles nesse leilão", acrescentou.
O lance ao qual se refere Lopes é o ofertado pelo Consórcio Sino-Copeliano para o lote A do leilão de transmissão de sexta-feira e que ficou em 43% de desconto sobre o valor máximo de receita permitida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A sociedade formada para o leilão tem a participação de 51% dos chineses e o restante de participação da companhia paranaense. Essa formação deixou para trás o maior - e virtual favorito - o Consórcio Transmissão Teles Pires, formado por Eletronorte (27%), Chesf (22%), Cteep (25,5%) e Taesa (25,5%).
O presidente da State Grid Brasil Holding, Tai Hong Xian, disse que esse seria um primeiro passo da empresa no Brasil de muitos outros que estão no foco da empresa. Ele não apontou especificamente os projetos que a companhia vê como os possíveis alvos, mas segundo os planos da Aneel, a ideia para 2012 é de preparar os reforços de linhas de transmissão para depois colocar Belo Monte na pauta de licitações. A meta da agência é de colocar mais 1,8 mil quilômetros de linhas de transmissão em disputa, inclusive reforçar o sistema que interliga os mercados Norte e Nordeste ao Sul e Sudeste, onde está a principal via de intercâmbio de energia elétrica no Brasil e conecta a usina de Tucuruí (8,370 mil MW) ao sistema elétrico nacional.
Mudança - O sistema de conexão de Belo Monte deverá ser o primeiro no alvo da State Grid, que entrou no Brasil por meio da aquisição de sete transmissoras da Plena em maio de 2010, por R$ 3,1 bilhões. A primeira participação dos chineses em leilões aconteceu no final de 2011 com o Consórcio Luiziânia-Niquelândia - State Grid (51%) e Furnas (49%) - que levaram duas subestações com deságio de 5,2% sobre o máximo permitido pela Aneel.
Os primeiros lotes para escoar a energia de Belo Monte deverão ser ofertados entre julho e agosto, informou o diretor geral da agência reguladora, Nelson Hübner. Ele disse que essa será a primeira parte de um complexo sistema para enviar a energia da maior usina hidrelétrica brasileira. Entre esses circuitos está até mesmo uma nova linha de transmissão que não estaria prevista no Plano Decenal de Energia (PDE) 2020. - "Belo Monte precisa de pouca coisa para ser conectada porque já tem todo o sistema de transmissão de Tucuruí, que interliga com Nordeste e Sul do Brasil. Vai precisar de uma parte mais dedicada, mas, se quiser, no ano que vem já tem condição de escoar parte da energia", disse Hubner. "Este ano colocaremos um conjunto de ampliações de linhas no Norte e Nordeste, seria um sistema pré-Belo Monte que podem somar 1,8 mil quilômetros".
O diretor Julião Silveira confirmou que estava prevista uma linha de cerca de 20 quilômetros que ligaria Belo Monte à subestação Xingu, que faz parte do sistema de interligação de Tucuruí a Manaus e Macapá. Porém, novos estudos estão em andamento no corpo técnico da autarquia que indicam uma nova linha de transmissão exclusiva para a usina.
Na opinião do diretor, esse fator ajudaria na melhor distribuição da energia de Belo Monte pelo mercado consumidor. Porém, disse não saber qual seria a extensão a ser licitada e nem quando esse projeto poderia participar do leilão. "Estamos estudando esses fatores", resumiu. - - Rentável - O diretor de Engenharia da Copel, Jorge Andriguetto, disse que o deságio apresentado pelo consórcio nos dois lotes arrematados no leilão de sexta é rentável. Os projetos compõem o sistema de escoamento de energia do Complexo no rio Teles Pires e inclui a usina de Colíder e Teles Pires. - O executivo destacou o fato de que a sinergia poderá trazer melhores resultados para a empresa, que pode até mesmo adiantar o cronograma de implantação e vender no mercado livre a energia a ser antecipada. (DCI)
Leia também:
* Artigo: Os tributos e o preço da energia
* Aneel perto de cassar outorgas de quatro termelétricas atrasadas
* Seguradoras vão à Justiça para não pagar prejuízo de até R$ 1 bi por Jirau
* Pinga-Fogo Setor Elétrico: EPE, Aneel, Copel e State Grid Brazil
* CPFL Renováveis planeja oferta de ação de R$ 1,5 bi
* Deságio médio de leilão de transmissão da Aneel fica em 38,8%
Porém, a agressividade no deságio (preço que será cobrado para a transmissão) apresentado na licitação de sexta-feira poderá ser empecilho para uniões com a estatal brasileira. - Segundo o diretor de Transmissão da brasileira, José Antônio Muniz Lopes, após o resultado do leilão, a Eletrobras não deve formar parcerias que afetem a rentabilidade de empreendimentos, cobrando muito abaixo. "O deságio apresentado não poderia ser coberto por nós, porque ultrapassou os valores que poderíamos oferecer para ter rentabilidade", resumiu o executivo que é o ex-presidente da estatal. "Já tivemos conversas no passado com eles e ainda podemos formar parcerias, mas desde que os lances não ultrapassem os limites empresariais como foi o deles nesse leilão", acrescentou.
O lance ao qual se refere Lopes é o ofertado pelo Consórcio Sino-Copeliano para o lote A do leilão de transmissão de sexta-feira e que ficou em 43% de desconto sobre o valor máximo de receita permitida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A sociedade formada para o leilão tem a participação de 51% dos chineses e o restante de participação da companhia paranaense. Essa formação deixou para trás o maior - e virtual favorito - o Consórcio Transmissão Teles Pires, formado por Eletronorte (27%), Chesf (22%), Cteep (25,5%) e Taesa (25,5%).
O presidente da State Grid Brasil Holding, Tai Hong Xian, disse que esse seria um primeiro passo da empresa no Brasil de muitos outros que estão no foco da empresa. Ele não apontou especificamente os projetos que a companhia vê como os possíveis alvos, mas segundo os planos da Aneel, a ideia para 2012 é de preparar os reforços de linhas de transmissão para depois colocar Belo Monte na pauta de licitações. A meta da agência é de colocar mais 1,8 mil quilômetros de linhas de transmissão em disputa, inclusive reforçar o sistema que interliga os mercados Norte e Nordeste ao Sul e Sudeste, onde está a principal via de intercâmbio de energia elétrica no Brasil e conecta a usina de Tucuruí (8,370 mil MW) ao sistema elétrico nacional.
Mudança - O sistema de conexão de Belo Monte deverá ser o primeiro no alvo da State Grid, que entrou no Brasil por meio da aquisição de sete transmissoras da Plena em maio de 2010, por R$ 3,1 bilhões. A primeira participação dos chineses em leilões aconteceu no final de 2011 com o Consórcio Luiziânia-Niquelândia - State Grid (51%) e Furnas (49%) - que levaram duas subestações com deságio de 5,2% sobre o máximo permitido pela Aneel.
Os primeiros lotes para escoar a energia de Belo Monte deverão ser ofertados entre julho e agosto, informou o diretor geral da agência reguladora, Nelson Hübner. Ele disse que essa será a primeira parte de um complexo sistema para enviar a energia da maior usina hidrelétrica brasileira. Entre esses circuitos está até mesmo uma nova linha de transmissão que não estaria prevista no Plano Decenal de Energia (PDE) 2020. - "Belo Monte precisa de pouca coisa para ser conectada porque já tem todo o sistema de transmissão de Tucuruí, que interliga com Nordeste e Sul do Brasil. Vai precisar de uma parte mais dedicada, mas, se quiser, no ano que vem já tem condição de escoar parte da energia", disse Hubner. "Este ano colocaremos um conjunto de ampliações de linhas no Norte e Nordeste, seria um sistema pré-Belo Monte que podem somar 1,8 mil quilômetros".
O diretor Julião Silveira confirmou que estava prevista uma linha de cerca de 20 quilômetros que ligaria Belo Monte à subestação Xingu, que faz parte do sistema de interligação de Tucuruí a Manaus e Macapá. Porém, novos estudos estão em andamento no corpo técnico da autarquia que indicam uma nova linha de transmissão exclusiva para a usina.
Na opinião do diretor, esse fator ajudaria na melhor distribuição da energia de Belo Monte pelo mercado consumidor. Porém, disse não saber qual seria a extensão a ser licitada e nem quando esse projeto poderia participar do leilão. "Estamos estudando esses fatores", resumiu. - - Rentável - O diretor de Engenharia da Copel, Jorge Andriguetto, disse que o deságio apresentado pelo consórcio nos dois lotes arrematados no leilão de sexta é rentável. Os projetos compõem o sistema de escoamento de energia do Complexo no rio Teles Pires e inclui a usina de Colíder e Teles Pires. - O executivo destacou o fato de que a sinergia poderá trazer melhores resultados para a empresa, que pode até mesmo adiantar o cronograma de implantação e vender no mercado livre a energia a ser antecipada. (DCI)
Leia também:
* Artigo: Os tributos e o preço da energia
* Aneel perto de cassar outorgas de quatro termelétricas atrasadas
* Seguradoras vão à Justiça para não pagar prejuízo de até R$ 1 bi por Jirau
* Pinga-Fogo Setor Elétrico: EPE, Aneel, Copel e State Grid Brazil
* CPFL Renováveis planeja oferta de ação de R$ 1,5 bi
* Deságio médio de leilão de transmissão da Aneel fica em 38,8%