segunda-feira, 26 de julho de 2010

Mercado prevê safra positiva de balanços do setor elétrico

O crescimento do consumo de energia elétrica no Brasil no primeiro semestre de 2010, que, segundo a Empresa de Energia Elétrica (EPE), foi de 9,9%, em média, evidencia que as distribuidoras apresentarão bons resultados trimestrais já a partir desta semana. Entre essas empresas está a EDP do Brasil, a primeira a divulgar seus números referentes ao período de abril a junho, na quarta-feira. CPFL e AES Eletropaulo também estão no grupo que deverá reportar crescimento de seu lucro líquido no período encerrado em 30 de junho.

Esse desenho do setor elétrico pode ser feito com base nos dados divulgados pelos agentes reguladores, o que evita surpresas. Nesse cenário, é justamente a EDP que deverá apresentar um salto mais expressivo dos resultados em função da retomada da demanda industrial em um dos estados em que atua, o do Espírito Santo, por meio da Escelsa.

De acordo com os dados divulgados na semana passada pela EPE, a demanda industrial apresentou uma alta de 13,8% em comparação ao mesmo período do ano passado, e dentre os estados o destaque ficou com o Espírito Santo, alta de 53%, em razão da retomada das atividades de mineração e metalurgia.

Na opinião de Filipe Acioli, analista do setor elétrico na Ágora Corretora, o destaque dos números da EDP deve ficar com maior Ebitda (resultado antes de impostos, juros, depreciação e amortização) e recuperação do consumo no estado capixaba. "A EDP deverá apresentar bons resultados com a recomposição do consumo da classe industrial no Espírito Santo", afirmou ele.

No primeiro trimestre deste ano a subsidiária brasileira da EDP -Energias de Portugal- reportou Ebitda de R$ 356 milhões, resultado 29% mais baixo que o dos três primeiros meses de 2009. O lucro da empresa, porém, aumentou nessa mesma base de comparação, passando de R$ 117 milhões para R$ 139 milhões. Outro indicador que apresentou alta no primeiro trimestre deste ano foi a receita líquida, 10% a mais, ao alcançar R$ 1,229 bilhão, cifra da qual 72% foram originados no segmento distribuição, que aumentou 20,1% em volume.

CPFL

Esse desempenho da EDP é esperado para outras distribuidoras, que no geral deverão apresentar bom resultado. Outra que deverá crescer em relação a 2009 é a paulista CPFL, presidida por Wilson Ferreira Jr. Neste caso, a expectativa é decorrente da perspectiva de apresentar um consumo vigoroso em sua área de concessão associado a efeitos não recorrentes.

No primeiro semestre deste ano, a distribuidora reportou vendas 5,7% maiores na comparação com o mesmo período do ano passado, porém o avanço da receita operacional líquida apresentou uma alta de 16,7%, passando de R$ 2,386 bilhões para R$ 2,785 bilhões. O Ebitda da empresa avançou mais ainda: 22,8%, para R$ 809 milhões.

Para um analista que preferiu não se identificar, agentes cujo mercado é mais voltado ao ambiente livre deverão apresentar índices de crescimento maiores do que os daqueles que atuam no ambiente cativo. De acordo com ele, esse desempenho é reflexo da estabilidade que o mercado regulado pelo governo proporciona às empresas, que acabaram "passando incólumes pela crise". "Já as empresas mais focadas na comercialização de energia terão um upside mais interessante", comentou esse profissional.

Osmar Camilo, da Socopa Corretora, lembra ainda que os resultados segmento de Distribuição da Cemig e da CPFL deverão apresentar menor variação em função do reajuste tarifário anual que passou a valer a partir de 8 de abril em ambos os casos. Para a companhia mineira, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou redução média de 1,48%; já para a empresa paulista a redução da tarifa foi mais aguda: 5,04%.

Para Acioli, a AES Eletropaulo deverá seguir esse mesmo caminho de alta em relação a 2009. No segundo trimestre, a distribuidora paulistana deverá registrar forte resultado também por fatores não recorrentes, como a venda da Eletropaulo Telecomunicações e o resultado positivo no trimestre de R$ 71 milhões em razão da desistência do Banco Santos quanto a ação judicial na qual a instituição financeira cobrava pagamento de R$ 245 milhões.

Na contramão do setor, o analista da Ágora aponta a Light. Essa opinião está baseada no consumo cativo da área de concessão da empresa, que não apresentou um desempenho tão forte quanto o de seus pares do setor elétrico. Por isso, ele não espera um resultado tão positivo. "A Light não deverá apresentar crescimento: acredito em uma estabilidade", completou Acioli. (Fonte: DCI)