sexta-feira, 9 de março de 2012

Foco de crescimento da Energias do Brasil segue em geração

SÃO PAULO - O foco de crescimento da Energias do Brasil no país tende a continuar no segmento de geração, setor no qual a empresa começou a avançar com a gestão de António Pita de Abreu, que está deixando a presidência para assumir a responsabilidade pela geração do grupo Energias de Portugal no mundo.

"Onde há oportunidade de negócio no Brasil é na geração, fora o crescimento orgânico... O crescimento tende a ser em geração", disse Abreu em entrevista à imprensa sobre os resultados da empresa no quarto trimestre, na qual fez também um balanço dos quatro anos em que esteve na presidência da companhia.

O executivo assume a responsabilidade pelo segmento de geração do grupo EDP no mundo, dentro do conselho de administração, e para seu lugar na Energias do Brasil foi indicado o nome da economista Ana Maria Fernandes.

No final do ano passado, a chinesa Three Gorges venceu a disputa pela participação de cerca de 21 por cento do governo português no controle da EDP - superando outras grandes do setor como a Eletrobras e a alemã E.ON - ao pagar 2,7 bilhões de euros.

"O que a entrada do novo acionista permitirá é eventualmente aumentar a presença da empresa em outras áreas", disse Abreu sobre o ingresso dos chineses no bloco de controle, ao acrescentar que "sua opinião pessoal" é de que os novos acionistas invistam em áreas onde há perspectivas de crescimento, como o Brasil.

Ele acrescentou, que a empresa - que opera a EDP Escelsa (ES) e a EDP Bandeirante (SP) - não analisa nenhuma proposta de aquisição de ativo de distribuição no momento e não tem interesse nos ativos do Grupo Rede Energia, cuja participação de 54 por cento do acionista majoritário está à venda.

Em 2008, a Energias do Brasil fez uma troca de ativos com o Grupo Rede, por meio do qual assumiu a usina hidrelétrica Lajeado (653 MW) e entregou ativos de distribuição que hoje compõem a Enersul.

Segundo Abreu, foi quando a empresa iniciou a busca para equilibrar a atuação entre os segmentos de geração e distribuição. "Foi importante para nós porque equilibrou os riscos", disse o executivo, acrescentando que no segmento de distribuição é necessária uma constante redução de custos.

O engenheiro disse também que considera que conseguiu atingir os objetivos de sua gestão de crescer em geração, equilibrar portfólio, melhorar a eficiência na operação e crescer no segmento de energia eólica. Em 2016, a Energias do Brasil terá 2.625 MW de capacidade de geração em operação.

A nova presidente da Energias do Brasil, Ana Maria Fernandes, que era presidente da EDP Renováveis, disse que o Brasil é uma região com muitas possibilidades e considerado um dos países de crescimento mais importante na área de energia. "Vamos tentar alavancar novas possibilidades que a nova estrutura acionista nos permitirá. Tentar um crescimento não só orgânico... Não vamos ficar parados", disse.

RESULTADOS E 2012 - A Energias do Brasil sofreu queda de cerca de 59 por cento no lucro líquido do quarto trimestre de 2011, para 82 milhões de reais, afetada, entre outros fatores pelo arrefecimento da economia e verão mais ameno.  "Em geral, em todo o Brasil, os resultados no quarto trimestre não foram bons... porque houve um arrefecimento da economia", disse Abreu.

As distribuidoras de energia tendem a contratar a maior parte da energia cinco anos antes para atender a demanda, com base na previsão de crescimento do mercado de consumo. Quando há frustração na demanda prevista, as empresas ficam com sobra de energia contratada. "Ficamos com energia para vender e não conseguimos. Isso é mal para o resultado", disse.

A produção industrial e o PIB mostraram forte desaceleração no ano passado, o que impactou o mercado de distribuição de energia.  Em 2011, a empresa lucrou 490,7 milhões de reais, queda de 15,8 por cento ante 2010. A receita líquida somou 5,4 bilhões de reais.

A Energias do Brasil irá investir 950 milhões de reais em 2012, dos quais um terço será aplicado em distribuição e o restante em geração - na manutenção de usinas, na finalização da termelétrica Pecém e na construção da hidrelétrica Santo Antônio do Jari, principalmente.

A expectativa da empresa é de que a termelétrica de Pecém, na qual a empresa é sócia com a MPX, cada uma com 50 por cento, entre em operação ainda neste semestre. Segundo o diretor de Geração da Energias do Brasil, Luiz Otavio Henriques, a usina está em fase de comissionamento. (Agência Estado)

Leia também:
* Concessões: Dilma exige tarifa menor de energia
* Pinga-Fogo Setor Elétrico: Aneel, Eletrobras e Senado
* Leilão de transmissão de energia terá 14 participantes
* Caso da elpa ficou mais crítico no início de 2012
* Projeto determina a substituição de medidores eletromecânicos por medidores eletrônicos