A explosão de preços no mercado à vista de energia elétrica chega em um momento em que vinha aumentando o apetite dos grandes consumidores industriais e livres por maior exposição ao risco. Levantamento feito pela Abrace, associação que representa esses consumidores, revela queda na duração dos contratos para o fornecimento de eletricidade. Em dezembro de 2011, 70,5% dos contratos tinham prazo igual ou superior a dois anos. Em dezembro de 2008, essa participação alcançava 79%.
Em qualquer empresa com grande consumo de energia elétrica, fechar contratos de longa duração deveria fazer parte da estratégia de negócios. Mas os preços relativamente baixos e estáveis do mercado "spot" depois de 2008, quando o país enfrentou a última ameaça de déficit na balança entre oferta e demanda, amoleceram a cautela de muitas empresas. De lá para cá, aumentou de 11,7% para 17,2% a proporção de contratos com duração entre dois meses e um ano, além de haver estímulo para se expor no mercado à vista. Afinal, enquanto um contrato de seis meses raramente pode ser negociado abaixo de R$ 80 ou R$ 90 por megawatt-hora (MWh), a compra de excedentes no "spot" pôde ser feita durante todo o ano passado por valor abaixo de R$ 64/MWh.
Para o diretor-técnico e regulatório da Abrace, Luciano Pacheco, essa distorção tem como principal causa a "apagãofobia" criada na gestão do setor: para manter os reservatórios em níveis elevados, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) aciona as usinas termelétricas - mais caras - além do recomendado, pela escala de preços. Isso faz com que os consumidores de todo o sistema paguem mais em encargos para subsidiar o funcionamento das térmicas - essa conta tem se mantido acima de R$ 1 bilhão todos os anos -, mas baixa "artificialmente" o valor da energia no mercado "spot".
Em qualquer empresa com grande consumo de energia elétrica, fechar contratos de longa duração deveria fazer parte da estratégia de negócios. Mas os preços relativamente baixos e estáveis do mercado "spot" depois de 2008, quando o país enfrentou a última ameaça de déficit na balança entre oferta e demanda, amoleceram a cautela de muitas empresas. De lá para cá, aumentou de 11,7% para 17,2% a proporção de contratos com duração entre dois meses e um ano, além de haver estímulo para se expor no mercado à vista. Afinal, enquanto um contrato de seis meses raramente pode ser negociado abaixo de R$ 80 ou R$ 90 por megawatt-hora (MWh), a compra de excedentes no "spot" pôde ser feita durante todo o ano passado por valor abaixo de R$ 64/MWh.
Para o diretor-técnico e regulatório da Abrace, Luciano Pacheco, essa distorção tem como principal causa a "apagãofobia" criada na gestão do setor: para manter os reservatórios em níveis elevados, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) aciona as usinas termelétricas - mais caras - além do recomendado, pela escala de preços. Isso faz com que os consumidores de todo o sistema paguem mais em encargos para subsidiar o funcionamento das térmicas - essa conta tem se mantido acima de R$ 1 bilhão todos os anos -, mas baixa "artificialmente" o valor da energia no mercado "spot".
"Há uma consciência da parte de vários agentes de que o PLD não reflete adequadamente os preços da energia", admite Luiz Eduardo Barata Ferreira, presidente da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), referindo-se à sigla do preço de liquidação de diferenças, que traduz o valor da eletricidade no mercado à vista. Os preços excessivamente baixos, segundo ele, têm inclusive desestimulado novos empreendimentos de geração. Pequenas centrais hidrelétricas, que não conseguiram se viabilizar nos últimos leilões porque os projetos eólicos tinham preços mais atrativos, podiam fechar contratos de longo prazo para fornecer energia a grandes consumidores industriais. Mas o ambiente tem se mostrado pouco propício para esse tipo de parceria, diz Barata.
O Ministério de Minas e Energia chegou a criar um grupo de trabalho para discutir a formação de preços no mercado "spot", mas não houve avanços significativos. "Ao longo de 2011, não me recordo de nenhuma reunião, mas os trabalhos devem ser retomados", reconhece Barata. "O governo definiu que o ambiente regulado [das distribuidoras] é o motor da expansão do setor elétrico, mas o mercado livre também pode ser um propulsor." (Valor Econômico)
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