sexta-feira, 16 de março de 2012

Dados do PIB mostram maior consumo de energia elétrica

O IBGE anunciou na semana passada o crescimento de 2,7% do PIB em 2011. O governo avaliou o resultado como fraco, ensejando a necessidade de adoção de medidas de estimulo à economia. A análise mostra que o desempenho da economia não foi tão ruim como o número agregado sugere, e a comparação dos dados do IBGE com o consumo de energia corrobora essa ideia.

O mau desempenho da economia esteve fortemente ligado à indústria, que vem enfrentando forte concorrência dos produtos importados por conta do câmbio valorizado e do alto custo da infraestrutura. O setor industrial cresceu somente 1,6%, puxado fortemente pela alta de 3,8% da indústria extrativa mineral (que inclui a extração de petróleo), uma vez que a indústria de transformação avançou apenas 0,1% no período.

De acordo com a ANP, em 2011 o consumo de gasolina ficou em 165 milhões de barris, com crescimento de 18,8% em relação a 2010, e as importações alcançaram 13,8 milhões de barris, com crescimento superior a 300% em relação a 2010. No caso do diesel, o consumo de 2011 cresceu 4,4%, ficando em 64,5 milhões de barris, e as importações foram de 58,7 milhões de barris (alta de 4% ante 2010).

O setor agrícola, que responde por apenas 5,5% do PIB, foi o que apresentou o maior crescimento no período, com 3,9%. Os destaques de alta ficaram com commodities nas quais o Brasil tem evidentes vantagens comparativas, como soja e algodão, enquanto a cana-de-açúcar foi o destaque de baixa (-11,6% na produção), resultado da falta de política para os combustíveis renováveis.

O setor de serviços cresceu 2,7% em 2011. O comércio cresceu 3,4%, refletindo o aumento do poder de compra da população. O bom desempenho relativo do comércio é corroborado pela alta de 6,3% no consumo de energia do setor (3,6% na média dos demais setores). Pela ótica da demanda, o destaque foi o crescimento de 4,1% do consumo das famílias devido à redução do desemprego e do crescimento do crédito. Esse crescimento é corroborado pelo maior consumo residencial de energia, de 4,6%.

Do ponto de vista do setor energético, os dados mostram maior consumo de combustíveis fósseis (gasolina e diesel), em detrimento dos renováveis (etanol e biodiesel), e alta no consumo de energia no setor residencial. Esses dados refletem a política de incentivo ao crédito para consumo de bens não duráveis em detrimento dos investimentos em infraestrutura. Autor: Adriano Pires é diretor do CBIE - Centro Brasileiro de Infraestrutura (Folha de S. Paulo)


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