Embora a indústria esteja puxando o aumento do consumo de energia no país, o setor teme perder espaço para o mercado residencial nos bons projetos de geração elétrica - ou seja, os que proporcionam energia mais barata. Composta por grandes consumidores, com demanda alta por energia, o segmento industrial forma o chamado mercado livre, que compra sua eletricidade em contratos negociados diretamente com os fornecedores.
A preocupação passou a receber atenção especial a partir do edital de Belo Monte, leiloada no último dia 20. De acordo com as regras, 70% da geração da hidrelétrica - que terá capacidade para 11 mil megawatts - deve ser destinado ao mercado regulado, aquele formado pelo consumidor residencial, enquanto os 30% restantes ficam disponíveis para o mercado livre. Foi assim que ocorreu, há dois anos, com as usinas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira (RO).
Com a possibilidade, no entanto, da participação de um auto-produtor - uma indústria que produz parte da própria energia, e que elevaria 10% do que for gerado - a fatia para o mercado livre cai para 20%. E, quanto menos for essa fatia, maior deverão ser os preços, já que é sobre ela que deve cair o ônus de compensar a tarifa barata e com a margem espremida dos megawatts destinado ao mercado comum: é a ele que se refere o tão criticado valor de R% 83 por megawatt-hora, vendido, por fim, a R$ 78 no leilão para o consórcio vencido pela estatal Chesf. O restante não tem preço determinado.
Des dias após o leilão, o futuro do consórcio ainda permanece indefinido, e esse quadro complica ainda mais as perspectivas dos consumidores livres - para quem a magnitude de Belo Monte teria um impacto importante. Se recebessem 30% dos 4,5 mil megawatts que a usina deve gerar de fato, seriam cerca de 1,3 mil megawatts, o equivalente a 15% de tudo que consomem hoje.
O caso de Belo Monte é apenas um exemplo do impasse que os consumidores livres estão vivendo, que empurra os preços para cima e é acentuado ainda por uma leva grande de contratos que começam a vencer a partir. Feitos em meados de 2000, estes encontrarão agora um mercado muito mais disputado e com fontes mais caras para as novas negociações. "O que se vê é uma pré-disposição das geradoras estatais de priorizar o mercado regulado (residencial)", diz Marcelo Parodi, sócio da consultoria Compass Energia. "É natural que se queira priorizar esse segmento, no sentido de garantir preços baixos para a população. Mas não se pode esquecer que o mercado livre tem peso importante na economia, e o aperto na oferta leva a uma alta dos preços", avalia.
E uma energia cara pode facilmente pressionar a inflação nos preços de alguns produtos industriais estratégicos: em setores intensivos, como o de alumínio, a conta de luz chega a 40% dos custos da empresa. "A grande preocupação para nós é conseguir preços competitivos. Ao oferecer valores muito baixos para o mercado, o empreendimento acaba compensando os ganhos na venda para o consumidor livre", diz Luciano Pacheco, diretor da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace). Não há segurança ao mercado livre para crescer como pode".
Após um ano em que se deprimiu rapidamente, por conta da crise, o consumo de energia na indústria entrou em 2010 com uma recuperação rápida e taxas de crescimento acima da média,na faixa dos 12%. Para Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Estudos Energéticos, ligada ao Ministério de Minas e Energia, não há descompasso. "O mercado livre representa entre 25% e 30% do consumo total de nergia do país, e é a proporção que destinamos a ele em Belo Monte e no Rio Madeira", explica.
Ele lembra ainda que os consumidores livres possuem uma série de vantagens compensatórias, como a possibilidade de adequar os contratos a sua necessidade e o fato de não terem a série de impostos de distribuição que chegam às residências juntos com a conta de luz.(Brasil Econômico)
A preocupação passou a receber atenção especial a partir do edital de Belo Monte, leiloada no último dia 20. De acordo com as regras, 70% da geração da hidrelétrica - que terá capacidade para 11 mil megawatts - deve ser destinado ao mercado regulado, aquele formado pelo consumidor residencial, enquanto os 30% restantes ficam disponíveis para o mercado livre. Foi assim que ocorreu, há dois anos, com as usinas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira (RO).
Com a possibilidade, no entanto, da participação de um auto-produtor - uma indústria que produz parte da própria energia, e que elevaria 10% do que for gerado - a fatia para o mercado livre cai para 20%. E, quanto menos for essa fatia, maior deverão ser os preços, já que é sobre ela que deve cair o ônus de compensar a tarifa barata e com a margem espremida dos megawatts destinado ao mercado comum: é a ele que se refere o tão criticado valor de R% 83 por megawatt-hora, vendido, por fim, a R$ 78 no leilão para o consórcio vencido pela estatal Chesf. O restante não tem preço determinado.
Des dias após o leilão, o futuro do consórcio ainda permanece indefinido, e esse quadro complica ainda mais as perspectivas dos consumidores livres - para quem a magnitude de Belo Monte teria um impacto importante. Se recebessem 30% dos 4,5 mil megawatts que a usina deve gerar de fato, seriam cerca de 1,3 mil megawatts, o equivalente a 15% de tudo que consomem hoje.
O caso de Belo Monte é apenas um exemplo do impasse que os consumidores livres estão vivendo, que empurra os preços para cima e é acentuado ainda por uma leva grande de contratos que começam a vencer a partir. Feitos em meados de 2000, estes encontrarão agora um mercado muito mais disputado e com fontes mais caras para as novas negociações. "O que se vê é uma pré-disposição das geradoras estatais de priorizar o mercado regulado (residencial)", diz Marcelo Parodi, sócio da consultoria Compass Energia. "É natural que se queira priorizar esse segmento, no sentido de garantir preços baixos para a população. Mas não se pode esquecer que o mercado livre tem peso importante na economia, e o aperto na oferta leva a uma alta dos preços", avalia.
E uma energia cara pode facilmente pressionar a inflação nos preços de alguns produtos industriais estratégicos: em setores intensivos, como o de alumínio, a conta de luz chega a 40% dos custos da empresa. "A grande preocupação para nós é conseguir preços competitivos. Ao oferecer valores muito baixos para o mercado, o empreendimento acaba compensando os ganhos na venda para o consumidor livre", diz Luciano Pacheco, diretor da Associação Brasileira dos Grandes Consumidores Industriais de Energia (Abrace). Não há segurança ao mercado livre para crescer como pode".
Após um ano em que se deprimiu rapidamente, por conta da crise, o consumo de energia na indústria entrou em 2010 com uma recuperação rápida e taxas de crescimento acima da média,na faixa dos 12%. Para Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Estudos Energéticos, ligada ao Ministério de Minas e Energia, não há descompasso. "O mercado livre representa entre 25% e 30% do consumo total de nergia do país, e é a proporção que destinamos a ele em Belo Monte e no Rio Madeira", explica.
Ele lembra ainda que os consumidores livres possuem uma série de vantagens compensatórias, como a possibilidade de adequar os contratos a sua necessidade e o fato de não terem a série de impostos de distribuição que chegam às residências juntos com a conta de luz.(Brasil Econômico)
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