terça-feira, 2 de março de 2010

Estatal mineira de energia vai fazer proposta para comprar Ampla, diz Aécio

O apetite da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) por novas aquisições ainda não foi saciado. Ontem, o governador mineiro, Aécio Neves (PSDB), disse que a empresa pretende fazer uma proposta ao grupo espanhol Endesa para assumir o controle da Ampla, responsável pela distribuição de energia em 66 municípios do Estado do Rio, que correspondem a 73,3% do território fluminense.

Aécio não entrou em detalhes, mas confirmou que já há conversas entre a direção da companhia mineira e o grupo espanhol, e a proposta de aquisição deverá ser feita este mês: — Ainda não está definido o valor, mas vamos fazer uma proposta.

Segundo uma fonte envolvida nas negociações entre as empresas, estaria sendo discutida uma “associação” entre a Light e a Ampla. Os rumores de uma união começaram há mais de um ano e sempre foram negados pela italiana Enel, controladora da Endesa.

A Cemig já havia assumido o controle operacional da Light mês passado, ao dobrar sua participação de 13% para 26% da distribuidora. No fim de 2009, a companhia também já havia adquirido a italiana Terna Participações, por R$ 2,2 bilhões.

A empresa mineira, que teve faturamento superior a R$ 400 milhões no país em 2008, atua na transmissão de energia em Bahia, Goiás, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, entre outros estados.

No mesmo evento em que estava Aécio, o presidente da Cemig, Djalma Morais, informou que o Conselho de Administração da Light deve referendar hoje o nome do engenheiro Jerson Kelman como novo presidente da distribuidora fluminense.

— Não há possibilidade de o conselho recusar — afirmou.

A Ida de Kelman para Light é bem vista por especialistas Morais confirmou também que o atual dirigente da Light, José Luiz Alquéres, deve assumir a presidência do Conselho da distribuidora. E descartou a possibilidade de haver algum atrito por Kelman ter sido, até ano passado, diretorgeral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel): — Pelo contrário, ele traz experiência.

Já havia se desligado da Aneel há muito tempo.

Morais ressaltou ainda que a Cemig deve indicar três novos diretores para a distribuidora fluminense, mas disse não saber nomes nem no lugar de quem eles entrarão. Afirmou ainda que a escolha do novo presidente foi “exclusiva do governador”.

A ida de Kelman para a presidência da Light foi bem recebida por especialistas do setor.

Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe UFRJ e ex-presidente da Eletrobrás, espera que ele baixe as tarifas de energia elétrica: — O problema da Light são as tarifas muito altas. Kelman tem experiência e um perfil mais de academia, enquanto Alquéres tem um perfil mais empresarial.

Nivalde de Castro, coordenador do Grupo de Estudos do Setor Elétrico (Gesel) da UFRJ, não vê problemas em Kelman assumir a Light, pois na Aneel “não há tráfico de influência”.

Kelman foi um dos cotados para o Ministério de Minas e Energia, quando Dilma Rousseff saiu da pasta para assumir a Casa Civil, mas foi descartado por sua “independência excessiva”.Ele ocupou a direção da Aneel entre janeiro de 2005 e janeiro de 2009.(O Globo)