quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Andrade Gutierrez busca apoio de Vale e Cemig em Belo Monte

SÃO PAULO - Com a expectativa de que a licença prévia ambiental de Belo Monte (PA) saia nas próximas semanas, os possíveis interessados no projeto já se movimentam para a formação de consórcios visando a disputa do leilão. Diante da ofensiva da Odebrecht e da Camargo Corrêa, que se uniram para participar da licitação, a Andrade Gutierrez está articulando a formação de um grupo de empresas que inclui autoprodutores de energia (grandes consumidores) e operadores do setor, segundo uma importante fonte do setor que não quis ser identificada.

Segundo a fonte, o consórcio formado pela Andrade Gutierrez contém a participação da Cemig, Neoenergia, Alcoa e Vale. A constituição desse forte grupo deve diminuir a preocupação do mercado em torno do sucesso do leilão de Belo Monte, já que havia o temor de que houvesse um desequilíbrio na disputa com a parceria envolvendo a Odebrecht e a Camargo Corrêa, as duas maiores construtoras do País. O grupo também deve representar o fim do que foi apelidado pelo mercado de "consórcio Previ", integrado pela Neoenergia, Vale e CPFL Energia, empresas nas quais o fundo tem participação. "A grande dúvida é aonde a CPFL Energia irá se posicionar", disse a fonte.
O provável é que a maior holding privada do setor elétrico nacional ingresse no consórcio da Camargo. Isso porque o grupo de origem na construção civil é sócio controlador da CPFL, o que provocaria um conflito de interesse se a elétrica estivesse no grupo da Andrade Gutierrez. Porém, com o fim do "consórcio Previ", deverá ocorrer um confronto entre a Neoenergia e a CPFL Energia, algo que o fundo de pensão pretendia impedir. Na prática, Belo Monte representa mais um capítulo na delicada relação societária envolvendo a Previ, a CPFL Energia, a Neoenergia e a Camargo Corrêa. Por ter participação acionária relevante nas duas elétricas, o representante da Previ na CPFL é obrigado, hoje, a se retirar das reuniões do Conselho de Administração da empresa quando a Camargo e a Bonaire discutem assuntos estratégicos. A medida visa evitar conflitos pela participação na Neoenergia, que também tem planos de expandir no setor elétrico via aquisições de ativos.

A disputa por Belo Monte com Odebrecht e Camargo Corrêa, de um lado, e Andrade, do outro, representa um rumo inesperado. Inicialmente, havia apenas um único consórcio sendo montado para o leilão: formado por CPFL Energia, Suez, Neoenergia e Cemig. Para promover a concorrência, o governo usou o seu poder para desfazer esse grupo. [DCI]