segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Maior aposta do setor elétrico do país atrasa

Terceira maior obra do PAC, com investimento previsto de R$ 28,9 bilhões em valores atuais, a hidrelétrica de Belo Monte depende de palafitas. Melhor dizendo, da demolição --até o fim de março-- de milhares desses casebres nas áreas alagáveis de Altamira (PA).

Belo Monte é também o maior empreendimento do setor elétrico no Brasil.
Deve acrescentar 11.233 megawatts (MW), mas só em 2019, à capacidade de geração instalada no país, de 133,9 mil MW, que já não está dando conta da demanda.

A Folha voltou a Altamira, um ano após a publicação da reportagem especial multimídia "A Batalha de Belo Monte" (folha.com/belomonte), para verificar seu andamento. A usina está atrasada, apesar dos 67% da obra civil realizados até meados de dezembro e de estar em marcha acelerada o reassentamento de moradores de áreas que serão alagadas.

A primeira turbina da casa de força auxiliar (total de 233 MW) deveria entrar em ação agora em fevereiro. Por causa das greves e invasões que interromperam as obras, isso foi adiado para novembro deste ano.

A concessionária Norte Energia S.A. (Nesa) ressalva que o atraso afeta uma turbina de baixa potência (38,8 MW). Menos de 0,4% da capacidade de Belo Monte. Na casa de força principal (11 mil MW) não haveria atraso, diz.

INCONGRUÊNCIA - No entanto, a empresa solicitou à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) isenção de responsabilidade pelos atrasos e prorrogação do cronograma de geração nas duas casas de força em 441 e 365 dias, respectivamente. Se não acionar as turbinas nas datas previstas, entre 2015 e 2019, teria de pagar pela energia que deixar de produzir.

O pedido foi analisado por procuradores e pela área técnica da agência, mas carece de decisão de sua diretoria.

"Não interessa à empresa que haja nenhum atraso, tanto que ela já arcou até agora, sozinha, com os custos para minimizá-los, antes de qualquer decisão da Aneel", afirma José Ramos Filho, superintendente de Relações Institucionais da Norte Energia.

"O que não se pode admitir é que os custos já incorridos, e outros potenciais referentes ao marco regulatório, recaiam sobre o investidor, que não teve responsabilidade sobre tais atrasos." (Folha de SP)
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