sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

BC prevê reajuste de 27,6% na conta de luz

Os brasileiros devem amargar uma alta na conta de luz de nada menos que 27,6% neste ano. Já a gasolina ficará mais cara 8%. Nesse cenário, traçado pelo Banco Central em um 2015 de reajustes de tarifas públicas - e consequente impacto na inflação -, o Comitê de Política Monetária (Copom) deu sinais de que a alta dos juros continuará, apesar de um certo otimismo quanto à possibilidade de se alcançar a meta da inflação.

"O Copom avalia que o cenário de convergência da inflação para 4,5% em 2016 tem se fortalecido. Para o Comitê, contudo, os avanços alcançados no combate à inflação - a exemplo de sinais benignos vindos de indicadores de expectativas de médio e longo prazo - ainda não se mostram suficientes", frisou a ata do Copom, divulgada ontem.

Com mais reajustes no horizonte, a projeção de alta dos preços administrados subiu de 6% para 9,3%. Mais impostos sobre combustíveis e a seca foram os principais motivos. No caso da energia, sem chuva, o governo se torna dependente da energia produzida por usinas termelétricas, mais poluente e mais cara. Isso fez a previsão de reajuste passar de 6% para 27,6%.

- Só com a mudança na projeção de (preços) administrados teremos inflação de 7% neste ano. Isso dá a entender que o Banco Central manterá o ritmo de alta de 0,5 ponto percentual na reunião de março - previu Luís Otávio Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil.

O primeiro impacto no bolso dos consumidores será sentido nos postos de combustíveis. A partir do próximo domingo, o combustível terá seus impostos reajustados. Segundo o Fisco, o aumento será de R$ 0,22 por litro para a gasolina e R$ 0,15 para o diesel. O governo espera arrecadar mais R$ 12,18 bilhões.

Mirando na inflação
Para decidir, na semana passada, pelo aumento dos juros de referência (Selic), o BC calculou que se a taxa fosse mantida em 11,75% ao ano, como estava, a projeção para a inflação neste ano aumentaria. Para 2016, ficaria estável, mas ainda acima da meta. Este é um sinal de que a última alta da Selic, para 12,25%, deve ter ajudado as projeções de inflação para o ano que vem a se aproximar de 4,5%, o centro da meta do governo.

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou o ano passado distante disso: em 6,41%, perto do teto da meta, de 6,5%. E, em vez de focar no crescimento do país, que está próximo de zero, os diretores do BC focaram o discurso na alta de preços. Para o Copom, o crescimento da economia está abaixo do potencial, ou seja, não é mais combustível para a inflação.

Por isso, o economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, acha que o Copom reduzirá o ritmo de aperto - ou seja, da alta da Taxa Selic - daqui para frente: