quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Distribuidoras adiam de novo pagamento de dívidas

A dificuldade de acertar com os bancos um novo empréstimo para o setor elétrico levou a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a adiar, pela segunda vez, o pagamento da dívida das empresas com o mercado de curto prazo. As faturas de novembro e dezembro de 2014 ainda estão penduradas, à espera da liberação dos recursos. O prazo para pagamento das dívidas – previstas originalmente para 13 de janeiro e 10 de fevereiro, respectivamente – foi estendido para 31 de março.

Há duas semanas, o novo financiamento era dado como uma pendência já resolvida dentro do governo. Porém, as negociações com as instituições financeiras não avançaram. Enquanto isso, a Aneel atribuiu essa demora à complexidade que envolve o acordo financeiro com os bancos.

“Não é uma operação simples. Trata-se de um pool com vários bancos envolvidos que, primeiro, são consultados se têm interesse em participar dessa nova tranche e, depois, cada um tem que submeter o contrato ao comitê de crédito”, disse o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino.

O risco de calote diante de uma eventual crise de desabastecimento é descartado pela agência como fator que tem pesado negativamente e travado as negociações com as instituições financeiras. A percepção no mercado financeiro teria surgido na semana passada com a interrupção do fornecimento de energia elétrica em três regiões, no instante em que o país registrou alta recorde de consumo.

De forma reservada, técnicos do governo alegam que o atraso é justificado pela busca de condições melhores de financiamento. Ontem, a simples decisão da diretoria da Aneel de postergar a data de vencimento das faturas se tornou penosa. Ainda pela manhã, a diretoria da agência insistia em alongar o vencimento da dívida até o dia 27 de fevereiro. Após as últimas conversas, a data mais alongada foi definida, a fim de evitar o desgaste com novo adiamento.

O rombo financeiro no caixa das distribuidoras veio da aquisição de energia elétrica mais cara no mercado spot e também das usinas térmicas que foram acionadas no lugar das grandes hidrelétricas afetadas pela falta de chuvas. Com o prazo maior, a Aneel teve que criar o dispositivo que atualizará o valor da dívida de R$ 2,6 bilhões pela inflação do período e pela taxa Selic, a fim de não prejudicar os credores do mercado de energia. O custo para o consumidor, no entanto, fica ainda maior. (Valor Online)
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