O Operador Nacional do Sistema (ONS) avisou na quinta-feira (30) a distribuidores e geradores que há risco de serem necessários cortes seletivos de energia para garantir o fornecimento durante os horários de pico, entre janeiro e fevereiro, quando há forte aumento no consumo de eletricidade.
Para manter os reservatórios em nível seguro e evitar apagões nos horários de pico, as usinas deixariam de fornecer energia de madrugada. Os cortes afetariam grandes centros urbanos do Sudeste, como Rio, São Paulo, Campinas, Belo Horizonte e Vitória.
A medida pode ser necessária se as chuvas não forem suficientes para elevar os reservatórios ao nível de 30% em janeiro. Atualmente eles estão em 18,27%. No ano passado, neste período, estavam com 41,62% da capacidade.
Durante reunião do Programa Mensal de Operação (PMO), Francisco José Arteiro de Oliveira, diretor de Planejamento e Programação da Operação do ONS, afirmou que o órgão precisaria operar as usinas hidrelétricas de forma a prepará-las para os horários com maior demanda.
Para evitar quedas inesperadas do sistema, o ONS cortaria seletivamente parte do fornecimento na madrugada. Isso permite o aumento do volume de água nas represas.
EM 2001 - A operação seria semelhante à planejada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso em 2001, quando os reservatórios encontravam-se em nível superior ao atual.
Em novembro daquele ano, o nível médio dos reservatórios do Sudeste estava em 23,04%.
Em 2001, esse plano foi evitado por fortes precipitações entre novembro e dezembro, mas o governo não escapou de decretar o racionamento no ano seguinte.
Isso porque, diferentemente do que ocorre hoje, as térmicas não complementavam a base do sistema elétrico.
Procurado, o ONS não se pronunciou, mas sua assessoria confirmou que o alerta foi dado na reunião.
O órgão espera um crescimento da demanda de energia da ordem de 5% em fevereiro, mês no qual são registradas as maiores demandas.
Em 6 de fevereiro 2014, foi registrada a máxima histórica de consumo: no Sudeste, a demanda atingiu pico de 51.261 MW. Como comparação, no domingo (2), último dado disponível, o consumo atingiu 38.542 MW.
A Folha apurou que o órgão vem avisando o setor durante as reuniões há três meses e que sua preocupação aumentou recentemente.
O ONS, porém, espera que ocorra um período chuvoso com volume normal de precipitações a partir da segunda quinzena deste mês, o que seria suficiente para atingir um nível seguro de operação dos reservatórios.
A perspectiva é embasada por institutos meteorológicos contratados pelo operador, segundo o órgão. Caso em abril de 2015 as reservas hídricas do Sudeste alcancem nível próximo de 40%, o racionamento deverá ser descartado pelo ONS. (Folha de SP)
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