terça-feira, 23 de setembro de 2014

Novos contratos para grandes consumidores pode elevar custo com energia em R$ 10 bi

A indústria pode ter que enfrentar um custo adicional de quase R$ 10 bilhões com energia pelos próximos três anos. Essa é uma projeção de custos estimados pela Abrace tomando como base a renovação de contratos de seus associados. Há um aumento dos custos com transmissão, CDE e a tarifa de energia em função da crise que o setor elétrico vem passando.

De acordo com o presidente executivo da entidade, Paulo Pedrosa, os valores não estão detalhados, mas referem-se ao custo da substituição de contratos que estão vencendo. Na transmissão o custo adicional é de R$ 1 bilhão, com encargos a conta pode subir mais R$ 2,5 bilhões e o custo da energia pode representar um aumento de custos de até R$ 6 bilhões.

“Essas são hipóteses críveis para contextualizar o problema”, disse Pedrosa após reunião na sede da CNI em São Paulo. “No caso da transmissão os custos subiram na média 70%, em R$ 1 bilhão com atraso de obras de geração. O custo de encargos pode subir a R$ 40 por MWh se não houver aporte dos recursos que o governo sinalizou em nome das política públicas. Vendo as curvas de preços da tarifa para os próximos três anos, com o impacto da crise atual, temos até R$ 6 bilhões de custo para nossos associados. Dependendo da empresa é um impacto destrutivo“, detalhou ele.

Uma grande parte desse problema, lembrou ele, está com as empresas localizadas no Nordeste e que possuem contratos com a Chesf. Isso porque esses acordos chegam ao fim em meados de 2015, quando a energia da subsidiária da Eletrobras será revertida em cotas para o mercado regulado. Essas empresas, continuou ele, estão indo ao mercado e encontram ofertas de contratos com preços até quatro vezes mais altos.

O executivo aproveitou para pedir uma maior atenção a um outro ponto sensível à industria, que aparentemente, não faz parte dos programas de governo dos principais candidatos à Presidência da República, o gás natural. “O tema gás ainda não é visto como importante nas campanhas e por isso ficamos sem aprofundar o debate. Hoje, o debate não espelha a dimensão do problema do gás para a indústria”, afirmou ele.

Pedrosa disse que o setor produtivo precisa do insumo a preços competitivos para que a indústria nacional possa voltar a concorrer com o mercado internacional. Até porque o setor está em uma situação complicada tanto que ele admitiu que uma solução para o gás no curto prazo parece ser impossível, mas que no longo prazo é possível para que o país possa ver o retorno de investimentos, tanto em geração de energia quanto na indústria. (Agência Canal Energia)
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