sexta-feira, 25 de julho de 2014

Conta de luz dispara

O intervencionismo do governo no setor elétrico e a estiagem prolongada no início do ano — que reduziram a capacidade geradora das hidrelétricas — resultaram em uma conta pesada para os consumidores. No ano em que a presidente Dilma Rouseff busca a reeleição, sua principal bandeira política, a redução na conta de luz, poderá se transformar em mais uma dor de cabeça para ela.

Nas contas do Banco Central (BC), os reajustes nas tarifas de energia serão de, em média, 14% este ano. A previsão consta da última ata do Comitê de Política Monetária (Copom). No documento anterior, de maio, a estimativa de aumento na conta de luz era menor: 11,5%. O percentual foi corrigido à medida que as concessionárias de distribuição anunciaram pesados reajustes.

Só os clientes da AES Eletropaulo terão custo 8,66% maior na conta de luz este ano, alta já autorizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A medida atinge 6,7 milhões de pessoas e contribuirá para elevar, sozinha, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 0,15 ponto percentual só em julho, segundo especialistas.

Mesmo diante dos reajustes em escala, o BC manteve a projeção de alta de só 5% nos preços administrados em 2014. Já para o ano que vem, quando boa parte dos itens sob controle do governo, como combustíveis, tarifas públicas e passagens de transporte, deverão ficar mais caros, a projeção subiu de 5% para 6%.

A estimativa é conservadora, dizem especialistas que apostam em tarifaço. "Não há dúvidas de que, no ano que vem, a pressão dos preços administrados será bastante forte, o que exigirá do BC dose a mais de cautela com a inflação", disse o economista-chefe do banco J. Safra, Carlos Kavall. O mesmo cuidado deve ocorrer em 2016, quando esses itens também ficarão, em média, 4,8% mais caros, conforme a ata.

Reação - Tudo vai depender, também, das medidas que serão adotadas para evitar novos reajustes. Um exemplo é o socorro às distribuidoras, que, por estarem expostas ao alto preço do mercado livre, estão pagando mais caro para fornecer luz os clientes. A expectativa é de que essa conta caia no colo dos consumidores de 2015 a 2017. A Proteste Associação de Consumidores e a Federação Nacional dos Engenheiros enviou ontem ofício ao Ministério Público Federal, questionando os contratos dos empréstimos, que podem chegar a R$ 17,7 bilhões este ano, lastreados nas tarifas. Para as entidades, a dívida não decorre só da geração termelétrica, mas também de falhas regulatórias. (Correio Braziliense)
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