sexta-feira, 27 de junho de 2014

Novos projetos passam a combinar fontes diferentes

O grande potencial para combinação de energia eólica, solar e hídrica do Brasil tem chamado a atenção de empreendedores, como a italiana Enel Green Power. O grupo, que já possui eólicas na Bahia e Rio Grande do Norte, além de 20 pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) espalhadas pelo país, participou em dezembro do ano passado do primeiro leilão específico para usinas solares já realizado no Brasil. O certame foi patrocinado pelo governo de Pernambuco, que conseguiu tirar do papel seis empreendimentos no Estado, com uma capacidade total instalada de 123 MW.

Na época, o governo estadual comercializou contratos para clientes corporativos, que compram energia no mercado livre, por R$ 228,63 por MWh, o que representou um deságio de 8,5% em relação ao preço máximo estabelecido, de R$ 250 por MWh. Apesar de estar em queda no mundo, o preço da energia solar ainda é alto em relação a outras fontes, como a eólica, o que tem sido o maior obstáculo para a viabilização dos empreendimentos no país.

A Enel vendeu no leilão pernambucano contratos de energia de duas usinas solares, com uma capacidade total instalada de 11 MW, que vão ser construídas dentro de um complexo eólico, com 80 MW de potência.

Os projetos híbridos, que misturam no mesmo local diferentes fontes alternativas, despertam interesse dos investidores, por permitir uma redução de custos. "A hibridização é um dos elementos-chaves para aumentar a disponibilidade e reduzir a intermitência, combinando tecnologias de diferentes perfis", afirma Antonio Cammisecra, diretor de desenvolvimento de novos negócios da Enel Green Power.

No Chile, por exemplo, a multinacional italiana está desenvolvendo um projeto híbrido na cidade de Ollague, na fronteira com a Bolívia, que é mistura energia solar fotovoltaica, com uma mini turbina eólica e um sistema de co-geração para aquecimento de água. O sistema será autônomo e poderá atender 150 famílias.

No Brasil, a Enel vai implementar uma usina fotovoltaica, de 1,2 MW, que fornecerá energiapara a construção de complexo hídrico de três PCHs, com uma capacidade instalada de 102 MW, no Mato Grosso do Sul. Quando as obras das hidrelétricas estiverem concluídas, a usina solar continuará funcionando.

Em Nevada, nos Estados Unidos, a Enel começou a operar o primeiro projeto do mundo que combina energia geotérmica (obtida a partir do calor proveniente do interior da Terra) comenergia solar. (Valor Econômico)