sexta-feira, 2 de maio de 2014

Leilão de energia diminui rombo das distribuidoras

Com forte oferta de companhias estatais, o leilão para garantir parte da energia da qual as distribuidoras necessitam para atender a demanda dos consumidores superou as expectativas do setor.

As empresas conseguiram comprar 2.046 MW (megawatts) no certame realizado ontem pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).

A quantidade representa 85% de suas necessidades de contratação, que ontem foram reestimadas para 2.400 megawatts (MW).

As estatais puxaram para cima a oferta de energia. Furnas e Eletronorte disponibilizaram 881 MW de geração por hidrelétricas.

Pelo lado das termelétricas, a Petrobras se destacou, com vendas de 574 MW. Somadas, as estatais foram responsáveis por 71% da oferta.

A média de preços ontem foi de R$ 268,33 o MWh, abaixo do teto estabelecido, de R$ 271 por MWh.

Entre as empresas compradoras, Copel (PR) e Elektro (SP) foram as que mais aproveitaram. Ambas conseguiram reduzir suas necessidades em 388 MW e 212 MW, respectivamente.

NOVA ESTIMATIVA - Até anteontem, o Ministério de Minas e Energia (MME) dizia que as necessidades de contratação, conhecidas como exposição, eram de 3.200 MW, o que reduziria a efetividade do leilão para 64%.

Anteontem, o secretário-executivo do ministério, Márcio Zimmermann, afirmou que, se o leilão vendesse de 50% a 60% da energia, seria um "excelente resultado".

A necessidade de energia se deve ao fato de que alguns contratos de fornecimento de energia às distribuidoras se encerraram no ano passado.

O governo, à época, fez um leilão para suprir esse deficit, mas as geradoras não ofertaram energia por considerarem baixo o teto de R$ 192/MWh (megawatt-hora).

Só ontem a Abradee (Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica) informou ao MME que a exposição do setor no período de maio a dezembro deste ano é menor, o que elevou o percentual de contratação.

Para Zimmermann, que considerou o leilão "um sucesso", dois fatores influenciaram na redução da estimativa: o fim do verão, que reduz o consumo, e a entrada em operação de novas hidrelétricas, entre elas dez turbinas das usinas de Santo Antônio e Jirau (RO).

Agora, os custos de operação das empresas devem cair. Até o leilão, as distribuidoras estavam obrigadas a compensar essa exposição comprando no mercado à vista, no qual o preço é maior. Com o baixo nível de chuvas e o uso constante de termelétricas, o preço está no teto: R$ 822,83.

EFEITO NO BOLSO - O consumidor final, por outro lado, deve sentir o efeito oposto em 2015, porque as tarifas médias dos contratos que se encerraram em 2013 --repostos no leilão de ontem-- eram de R$ 160. O governo afirmou ontem também que eventuais custos adicionais do setor, se necessários, terão de ser repassados aos consumidores. (Folha de S. Paulo - 01/05)
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