terça-feira, 20 de maio de 2014

Cemig diz ter reserva de energia para enfrentar déficit da hidreletricidade

 A Cemig tem cerca de 600 megawatts (MW) de energia da geradora descontratada para os próximos trimestres, disse o diretor financeiro do grupo mineiro, acrescentando nesta segunda-feira que a empresa acredita que está preparada para enfrentar a redução da geração hidrelétrica no ano. "Estamos confiantes que a reserva (de energia) que temos vai ser suficiente para absorver qualquer volatilidade", disse o diretor financeiro, Luiz Fernando Rolla, em teleconferência com analistas.

A Cemig obteve fortes ganhos no resultado do primeiro trimestre deste ano com vendas deenergia disponível em momento de altos preços. O baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas leva à redução da geração de energia por essas usinas para poupar as represas, de forma que algumas geradoras podem ficar expostas a gastos no curto prazo para cobrir contratos com clientes.

O diretor financeiro da Cemig disse que a empresa já estimava em 2012, antes da medida provisória sobre renovação das concessões, que tal situação crítica no setor elétrico, com alta nos preços de curto prazo, pudesse ocorrer, e se preparou para isso. Parte da energia disponível da Cemig deve-se ao fato da companhia não ter renovado concessões de geração conforme regras do governo federal em 2012 e ter conseguido manter, por meio de liminar, a concessão da hidrelétrica Jaguara, que venceu em agosto de 2013. Desde então, a energia da usina está disponível para que a Cemig possa comercializá-la no curto prazo.

A maior disponibilidade de energia pela Cemig no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado, associado ao alto preço de energia praticado no curto prazo representou no aumento de 129 por cento na receita com transações de energia da empresa na Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Essa receita somou 1,326 bilhão de reais nos três primeiros meses do ano.

Jaguara - A Cemig espera que a retomada do julgamento sobre a concessão da hidrelétrica Jaguara no Superior Tribunal de Justiça (STJ) ocorra entre final de julho e agosto, quando deverá haver uma decisão sobre o mérito da liminar que garantiu à empresa o direito de manter a usina. A hidrelétrica Jaguara foi incluída pelo governo federal nas regras de renovação antecipada das concessões em 2012, mas a Cemig defende que a concessão da usina deveria ser prorrogada por mais 20 anos conforme critérios previstos no contrato de concessão que terminou em agosto de 2013.

Na semana passada, o julgamento no STJ foi suspenso em razão do pedido de vista por um dos ministros, terminando a sessão com empate -- dois votos favoráveis e dois contrários ao pedido de prorrogação da Cemig. Rolla disse que a empresa tem confiança de que os juizes acatarão ao argumento da Cemig e acrescentou que a empresa pode recorrer da decisão caso perca.

Privatização da Isagen - O executivo da Cemig disse que a empresa espera que o processo de privatização da geradora de energia colombiana Isagen, do qual a companhia mineira participa, seja retomado em 3 a 5 meses. A privatização enfrenta oposição na Colômbia e foi suspensa judicialmente no final de março, após o governo daquele país ter recebido sete ofertas de empresas e consórcios locais e internacionais interessados em adquirir participação de 57,6 por cento do governo colombiano na empresa.

"Evidentemente é um processo polêmico. Existe oposição bastante forte contra essa privatização, o que resultou em suspensão do processo", disse Rolla, ao acrescentar que tem confiança no investimento na companhia colombiana e que a parceria fechada para a disputa é positiva. A Cemig formou consórcio com a Empresas Públicas de Medellín (EPM) para disputar a Isagen. (Reuters)
Leia também: