sexta-feira, 11 de abril de 2014

Distribuidoras reavaliam socorro necessário

O socorro às distribuidoras de energia elétrica poderá ir além dos R$ 11,2 bilhões que serão oferecidos na operação de crédito montada pelo governo, diz a Abradee (Associação Brasileira dos Distribuidores de Energia Elétrica).

Para Nelson Fonseca Leite, presidente da entidade que representa 48 empresas do setor, a situação ficará mais clara a partir do preço do MWh atingido na venda de energiaelétrica, por geradoras a distribuidoras, no leilão extraordinário que deve ocorrer no final deste mês.

"O preço que [a distribuidora] paga pela energia elétrica na conta de luz é de R$ 110 por megawatt-hora. Qualquer valor acima disso gera uma necessidade de ajuste. Esperamos que este valor, se maior, seja razoável e que as distribuidoras possam arcar com ele até o momento do reajuste, sem gerar uma crise", disse Leite.

O leilão é mais um esforço do governo para reduzir a exposição das empresas de distribuição à alta dos preços da eletricidade no mercado à vista, de valores variáveis.

Essa alta é agravada pela redução dos níveis de água nos reservatórios das hidrelétricas, devido à falta de chuva, que levou ao acionamento de mais usinas de geração termelétricas, que geram energia mais cara.

A maior parte da energia distribuída é comprada das geradoras em contratos de longo prazo com preços prefixados. Uma pequena parcela é garantida em contratos de curto prazo. Caso haja necessidade de comprar mais energia na hora de fornecer ao cliente, as distribuidoras recorrem ao mercado à vista.

Com os preços da energia em alta, as geradoras não ofereceram energia suficiente para atender as distribuidoras, no ano passado, esperando vendê-la mais caro no mercado à vista.

As distribuidoras acabaram sem conseguir fornecer 3.600 MW --energia suficiente para abastecer uma área com 7,5 milhões de habitantes-- e, por isso, recorreram ao mercado à vista.

A diferença entre os R$ 822/MWh do preço no mercado à vista e os R$ 110 por MWh cobrados na tarifa é responsável pelo rombo de R$ 12 bilhões que as distribuidoras acumulam.

Anteontem, a Fazenda informou que 13 bancos ofertarão todo o recurso necessário às distribuidoras para cobrir o rombo. O governo não informou qual a taxa de juros. (Folha de S. Paulo)
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