Os bancos vão aportar nesta semana R$ 4,7 bilhões em uma linha de crédito criada especialmente para socorrer as distribuidoras de energia. Essa primeira leva de recursos, que devem alcançar R$ 11,2 bilhões ao longo de 2014, será utilizada para pagar as despesas com a energia que foi adquirida pelas distribuidoras ainda em fevereiro, informou ontem o diretor geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Romeu Rufino.
Os empréstimos serão tomados em nome da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), que realizou ontem uma assembleia em São Paulo para aprovar a operação. A contratação dos financiamentos recebeu o aval de 87% dos associados presentes, mas a assembleia foi mais tensa do que se previa. Um dos conselheiros da CCEE, Luciano Freire, renunciou ao cargo por discordar das decisões que vêm sendo tomadas pelo atual presidente, Luiz Eduardo Barata.
Fontes do setor contaram ainda que alguns representantes de empresas ligadas ao grupo Eletrobras preferiram se abster de votar inicialmente, o que teria causado mal-estar. Esses executivos mudaram de opinião e acabaram votando a favor. Há rumores de que eles teriam, neste meio tempo, recebido um telefonema do presidente da Eletrobras. De acordo com a CCEE, participaram da assembleia 70% dos associados, dos quais só 0,1% foi contra a operação - 13% se abstiveram de votar. Fazem parte da câmara empresas de geração, distribuição e comercialização, além de consumidores livres.
A operação foi previamente acordada pelo governo federal com um pool de 13 bancos, mas tem sido criticada por opositores ao governo federal, que veem no empréstimo à CCEE um exemplo de "contabilidade criativa". Os recursos vão cobrir os gastos das distribuidoras neste ano tanto com a compra de combustível para abastecer as usinas térmicas como com a aquisição de energia no mercado de curto prazo, cujos preços explodiram devido à seca prolongada que atinge a região Sudeste.
O aporte de R$ 4,7 bilhões anunciado pela Aneel servirá para saldar posições na CCEE referentes ao mês de fevereiro, que realizará a liquidação dos contratos nos dias 28 e 29 de abril. (Valor Econômico)
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