quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Momento é de usar energia de forma racional, avaliam agentes

O momento ainda não é de corte de carga apesar do custo marginal de operação estar acima do custo de déficit. Entre os motivos o principal é que o país ainda está em pleno período úmido e as perspectivas são de melhoria na afluência a partir da segunda quinzena de fevereiro e a possibilidade de entrada em operação de 1,8GW de capacidade instalada em termelétricas. Como a luz de alerta está acesa, especialistas dizem que o governo deveria procurar racionalizar o uso da energia.

A probabilidade de risco de racionamento sob qualquer patamar de carga está em 20%, mas esse indicador cai para 5,9% quando se considera o déficit de 5%. Esses dados são da consultoria Thymos Energia. O sócio diretor Ricardo Savoia alerta para o atual momento. "Essa é considerada delicada pois o preço de liquidação das diferenças está a R$ 822 por MWh e o CMO ainda mais alto, acima até mesmo do custo de déficit. Agora, se as usinas previstas entrarem efetivamente em operação ao longo deste ano é possível que esse risco volte para o nível abaixo de 5%", disse ele.

Essa conjuntura que o país encontra no início de 2014, disse Savoia, acaba sendo o reflexo dos seguidos problemas que o setor vem acumulando e que são estruturais como os atrasos de obras que ocorrem por algum problema (público ou privado). E lembra ainda que se a indústria tivesse crescido o que se esperava dela no ano passado, algo próximo a 3%, aí sim teríamos problemas se não fossem os 0,6% verificados.

A avaliação do presidente da Comerc, Cristopher Vlavianos, também é de que o momento ainda é de conscientização dos consumidores do ACR e não de corte de carga. Um dos motivos é que ainda estamos no período úmido. Por isso, as condições meteorológicas podem mudar e se a afluência de março, por exemplo, vier na média histórica, o setor pode passar por um alívio. Até porque, os meses de janeiro e fevereiro já passaram e o Brasil perdeu a afluência que poderia vir nesse período.

Segundo Vlavianos, o uso mais racional de energia tem um fundo econômico, já que em momentos de PLD no teto e CMO acima do custo de déficit, o grande consumidor procura evitar o consumo a mais do que pode em função do preço da energia no mercado de curto prazo. Aliás, apesar de não haver um porque de especulação no mercado as contas das empresas ainda incluem avaliar se é melhor interromper consumo e buscar o produto em concorrentes. Dessa forma a empresa reverte a diferença entre o preço do contrato de energia e o PLD como receita, já que há casos em que essa distância pode estar a R$ 700 por MWh.

"O momento é de conscientizar o consumidor porque hoje o plano A que temos é despachar térmicas e isso já estamos fazendo até o limite que temos", lembrou o executivo. "Desde quando o PLD estava em R$ 400 por MWh ja havia esse consenso de que o uso racional de energia seria a melhor saída, agora, com o teto, tem um reforço dessa análise e um incentivo à redução do consumo, mas infelizmente, no ACR não temos a sinalização de que devemos ser mais racionais no uso da energia, a única, as bandeiras tarifárias, foram retiradas", acrescentou. (Canal Energia)
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