quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Rede inteligente é vista pelo governo como solução para reduzir o furto de energia

O governo aposta alto na implantação de redes inteligentes de energia elétrica no país para reduzir as perdas das distribuidoras com o furto de energia. O prejuízo anual com as ligações irregulares atinge atualmente R$ 8 bilhões, segundo o diretor Andre Pepitone, da Agência Nacional de Energia Elétrica, mas é preciso conciliar a qualidade com a modicidade tarifária, um dos pilares do modelo atual do setor elétrico. 

"Nós temos grandes desafios. Um deles é o desenvolvimento tecnológico. O grande problema é o ressarcimento desses investimentos", admitiu o secretário de energia Elétrica do Ministério de Minas e Energia, Ildo Grüdtner, durante audiência pública na Comissão de Minas e Energia nesta quarta-feira, 13 de novembro. O secretário relatou que um dos aspectos considerados nos estudos para a implantação dos sistemas de smart grid é a redução dos impactos tarifários.

O secretário de Inovação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Nélson Fujimoto, disse na comissão que o lado mais pesado da implantação de sistemas inteligentes é a troca de medidores da rede elétrica - em torno de 74 milhões, de acordo com estimativas da Aneel e das distribuidoras. Considerada a medição e todos os outros equipamentos envolvidos, a rede que vai permitir a integração de serviços como energia e telecomunicações exigirá US$ 32 bilhões em investimentos nos próximos anos, disse Fujimoto. Em razão disso, a ideia é desenvolver a cadeia produtiva nacional e criar incentivos com recursos públicos para os setores envolvidos.

Pepitone reconheceu que o custo é elevado, mas ponderou que os altos índices de perda de energia são um estímulo natural para as empresas do setor. "Nossa situação é a mesma da Itália quando instalou o sistema", disse o diretor, ao lembrar que naquele país a motivação foi o combate aos desvios de energia. "Temos um ambiente regulatorio favoravel à instalação do smart grid, mas temos que acelerar o processo", disse Pepitone.

O presidente da Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, Nelson Leite, previu o surgimento de um novo modelo de negócios para as empresas de distribuição com as mudanças tecnológicas a serem implantadas. Ele destacou que o sistema atual trabalha com redes unidirecionais de 100 anos, e apontou para a necessidade de definição de politicas públicas para o setor. Para o executivo da Abradee, a chave do sucesso dependerá do modelo regulatório a ser adotado, para que os benefícios sejam repartidos de maneira uniforme. "As distribuidoras terão que se preparar, já que o profissional será uma mistura de engenheiro elétrico com conhecedor de informática", afirmou. (Canal Energia)
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