sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Perdas técnicas elevam custo de luz da indústria

O custo da energia elétrica para as indústrias teve uma queda líquida de 12,1% neste ano com os subsídios concedidos pelo governo e a renovação das concessões. Saímos de R$ 323,23 por MWh em dezembro de 2012 para R$ 292,16 por MWh agora em novembro. Mas essa economia poderia ser maior, não fossem as perdas técnicas (falhas em equipamentos) e não técnicas (furtos) computadas no período, que tiveram uma variação de 46%.

Esses números fazem parte de levantamento inédito da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Sistema Firjan), com base em dados da Agência Reguladora de Energia Elétrica (Aneel). Somam-se a esse item — único com variação positiva — outros três que compõem o custo da energia elétrica para as indústrias: gasto com geração, transmissão e distribuição (GTD), que registrou redução de 6,2% no período; encargos setoriais — CCC (Conta de Consumo de Combustíveis), ECE (Encargo de Capacidade de Emergência), RGR (Reserva Global de Reversão) —, com queda de 44,1%; e tributos federais (PIS/Cofins) e estadual (ICMS), com redução de 12,1%. 

De acordo com o estudo da Firjan, por uma questão metodológica, os tributos municipais não entraram nessa análise. “Essa alta de 46% nos chamou a atenção e revela uma necessidade urgente de investigação, pela Aneel, das causas que vêm levando a esse aumento nos custos com perdas técnicas e não técnicas”, avalia o gerente de Competitividade e Investimentos da Firjan, Cristiano Prado, que se arrisca em apontar uma possível relação como aumento no uso das usinas termelétricas. 

Só em julho deste ano, o governo federal decidiu desligar 34 termelétricas a óleo combustível e a óleo diesel em todo o país que estavam ligadas desde outubro do ano passado. Juntas, elas somam 3,8 mil megawatts de potência. Por meio da assessoria técnica, a Aneel informou que é menos provável que haja perdas técnicas de energia quando se usa as térmicas, já que elas se localizam mais próximas dos “centros de carga do que as hidrelétricas”. 

Mas, segundo o professor do Grupo de Economia de Energia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Edmar de Almeida, as térmicas podem, sim, ter contribuído comesse aumento das perdas e impactado nos custos da luz. “Quando se tem um despacho das térmicas, muda-se o fluxo de energia em relação aos pontos de carga. 

Em outras palavras, ao se usar um sistema diferente de geração de energia, tem-se novos impactos e perdas”, explica. Rio é o estado com tarifa mais cara Dentre os dez estados com mais participação no Produto Interno Bruto (PIB), o Rio de Janeiro ocupa o primeiro lugar no custo de energia para a indústria, com R$ 343,45 por MWh. 

Já São Paulo, é o sétimo, com R$ 273,05 por MWh. Presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira culpa o custo do imposto estadual (ICMS) sobre as tarifas como principal vilão dos gastos com energia. No Brasil, as taxas de ICMS variam de 30% a 12%, o Rio cobra alíquota de 29% e São Paulo de 18%. 

“São Paulo consegue ter uma tarifa baixa por uma questão de impostos somados a uma eficiência na distribuição. Cabe aos governos estaduais repensarem o papel deles nesse esforço para o barateamento da energia e o estímulo à indústria”, criticou o presidente da Firjan, Eduardo Eugênio. (Brasil Econômico)
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