segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Ministério teme alta nos custos, já afetado pelo uso de térmicas

Sob impacto de alta nos custos, agravado pela necessidade de ligar usinas térmicas (cuja geração é muito mais cara que a das hidrelelétricas), a proposta de aplicar regras de conteúdo local para o setor elétrico encontra resistência em técnicos do Ministério de Minas e Energia. Também temem alta de custo as concessionárias, que travam uma batalha em relação às tarifas desde o ano passado, quando a presidente Dilma Rousseff prometeu baixá-las em até 20% em média.

O governo decidiu antecipar a renovação das concessões de geradoras e transmissoras, que venceriam apenas entre 2015 e 2017. As empresas receberam uma indenização e tiveram de assumir o compromisso de reduzir o preço. O faturamento caiu.

O alarme já soou também entre as distribuidoras, que ainda terão concessões renovadas. "Temos de ter preço e qualidade compatíveis com o mercado internacional", diz Nelson Leite, presidente da Abradee, que representa as distribuidoras.

Segundo ele, as distribuidoras estão no limite, com redução de 21% no fluxo de caixa após o último ciclo de revisão tarifária.

Para os fabricantes de equipamentos, é uma política de governo. "Onde há concessão pública e financiamento público faz todo sentido respeitar o conteúdo local. Esse é um jogo brutal, e estamos sob o risco da desindustrialização", diz Carlos Pastoriza, diretor da Abimaq.

Menos água - Para tentar impedir mais impacto inflacionário do uso consecutivo de usinas térmicas, o governo pretende desligar parte delas nos próximos dez dias, mas especialistas afirmam que a medida prejudica a recomposição dos reservatórios das hidrelétricas e poder ser um "tiro no pé".

A decisão de desligar parte das térmicas foi tomada na quarta-feira em Brasília. Dois dias antes a Aneel divulgara o custo do uso da energia térmica para o consumidor: R$ 8,6 bilhões até agosto. O desligamento seria possível se as chuvas previstas para o período de novembro a abril fossem constantes, o que não vai ocorrer, segundo Alexandre Nascimento, meteorologista do Climatempo.

O nível dos reservatórios das hidrelétricas no Nordeste (24,5%) e do Norte (35,2%) está mais baixo do que em 2012, quando o governo decidiu acionar todas as térmicas para evitar um apagão. A principal diferença em relação ao mesmo período em 2012, que determinou o acionamento de todas as térmicas do país, é que no ano passado não houve nem mesmo chuva irregular. (Folha de S. Paulo)
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